quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Vem aí o X Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as – X COPENE

http://www.copene2018.eventos.dype.com.br/site/capa

A Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as – ABPN, a Universidade Federal de Uberlândia – UFU e o Consócio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-brasileiros – CONEABs têm a satisfação de convidar a comunidade de pesquisadores/as, profissionais da educação básica e ativistas do movimento social para o X Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as – X COPENE, evento que ocorrerá de 12 a 17 de outubro de 2018 na Universidade Federal de Uberlândia – UFU, em Uberlândia/MG.

X Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as – X COPENE tem como objetivo constituir-se enquanto espaço de divulgação, circulação e promoção da produção científica dos/as pesquisadores/as negros/as e de estudiosos/as das temáticas vinculadas à população negra, sob a perspectiva do diálogo entre os povos africanos e da Diáspora, com vistas aos debates e reflexões acerca da intelectualidade negra nos diferentes campos e áreas do conhecimento científico e do saber, e também sob a perspectiva da resistência, do enfrentamento e do combate às diversas formas de racismo, de forma particular a segregação dos negros e negras nos espaços sociais e na produção acadêmica. Este evento reunirá professores/as, pesquisadores/as e estudantes das mais diversas instituições acadêmicas de todas as regiões do Brasil, ativistas dos movimentos sociais e convidados estrangeiros.

 

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Convocatória aberta para o Curso de Pós-graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária


Estão abertas a partir desta sexta-feira (15/12) as inscrições para a Convocatória de Bolsas do Curso de Pós-graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária FLACSO-IberCultura Viva 2018. Cinquenta bolsas serão concedidas a agentes de políticas culturais, sejam eles trabalhadores dos distintos níveis do poder público ou das organizações culturais de base comunitária dos países membros do programa IberCultura Viva.

O curso será ministrado a distância, através do Campus Virtual da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), sede Argentina, durante nove meses, de março a dezembro de 2018. Os interessados terão até o dia 15 de fevereiro de 2018 para apresentar as postulações. 

Para participar, os candidatos deverão contar com disponibilidade de 10 horas semanais para acompanhar o curso e comprometer-se a realizar as avaliações parciais e o trabalho final. As inscrições poderão ser apresentadas nas línguas portuguesa ou espanhola.

As aulas serão em espanhol, exceto aquelas a cargo de professores brasileiros, que serão dadas em português e terão tradução para o espanhol. Os trabalhos poderão ser entregues no idioma nativo (espanhol ou português).

Docentes

Com o objetivo de fortalecer a formação e a pesquisa das políticas de cultura de base comunitária e o conceito de “cultura viva” como política pública, a proposta acadêmica busca a diversidade de olhares, com a participação de professores de vários países ibero-americanos. 

Entre eles estarão George Yúdice (EUA), Fresia Camacho (Costa Rica), Carmen Lía Meoño Soto (Costa Rica), Giancarlo Priotti (Costa Rica), Fernando Vicario (Espanha), Alberto Quevedo (Argentina), Belén Igarzábal (Argentina), Emiliano Fuentes Firmani (Argentina), Diego Benhabib (Argentina), Célio Turino (Brasil), Alexandre Santini (Brasil), Rodrigo Savazoni (Brasil), Guillermo Valdizán Guerrero (Peru), Víctor Vich (Peru), Paloma Carpio (Peru), Doryan Bedoya (Guatemala), Bernardo Guerrero Jiménez (Chile), Omar Rincón (Colômbia), Ana María Restrepo (Colômbia), César Pineda (El Salvador) e Rafael Paredes (México).

Seleção

O edital está destinado aos países membros do IberCultura Viva com participação plena no Conselho Intergovernamental, segundo o regulamento do programa: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Peru e Uruguai. As 50 bolsas serão repartidas equitativamente entre os países participantes. 

A seleção dos candidatos levará em conta critérios como a experiência em gestão cultural, em ações culturais comunitárias e no desenho e execução de políticas públicas culturais, além da formação universitária em gestão cultural, ciências sociais, humanas ou econômicas. Aqueles que pertençam a povos originários e/ou afrodescendentes terão um ponto extra na avaliação. Ao menos 50% das pessoas selecionadas deverão ser mulheres. Os resultados finais serão divulgados até 6 de março de 2018.

Confira o edital: Bolsas Curso de Pós-graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária

O formulário está disponível aqui

Baixe a declaração de compromisso

Saiba mais: http://bit.ly/2AAJRfr

Consultas: franco@iberculturaviva.org.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

RAMAGEM ENTREVISTA: Denise Corrêa e Lorena Esteves, do "audiodocumentário" sobre o assassinato de afro-religiosos no Pará

https://soundcloud.com/denise-salomao-correa/documentario-racismo-e-intolerancia-a-violencia-contra-religioes-de-matriz-africana-em-belem-do-para
No II Seminário Internacional América Latina: Políticas e Conflitos Contemporâneos - SIALAT 2017, proposto pelo Grupo de Pesquisa Estado, Trabalho, Território e Mercados Globalizados – GETTAM / Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA), ocorrido de 27 a 29 de novembro, em Belém, chamou a atenção a apresentação do pôster intitulado "RACISMO E INTOLERÂNCIA - O GENOCÍDIO DE LIDERANÇAS AFRO RELIGIOSAS EM BELÉM DO PARÁ", de Denise Cristina Salomão Corrêa e Lorena Cruz Esteves, do Grupo de Pesquisa Comunicação, Política e Amazônia - Compoa.
Denise Corrêa é graduanda em Comunicação Social - Jornalismo pela UFPA e Lorena Cruz Esteves é professora da Faculdade de Comunicação da UFPA e mestre em Comunicação. Num empreendimento acadêmico que alia teoria e interesse social, elas desenvolveram um audiodocumentário que aborda o caso de diversos homicídios que vitimaram lideranças afro-religiosas no Pará, com depoimentos de familiares das vítimas e seguidores de religiões de matriz africana.

Você pode ouvir o documentário clicando aqui.

Para a professora Esteves, que explica que o trabalho foi uma iniciativa de sua aluna Denise Corrêa, a qual ela orientou, a produção "vai ao encontro do que foi discutido no Seminário Internacional América Latina: Políticas e Conflitos contemporâneos, que é propor, entre outras coisas, rupturas com a visão imposta pelo nosso colonizador. Falar de um lugar especifico que é o período pós-colonialista ou decolonial, que vivemos hoje, nos provoca a pensar sobre a nossa visão de mundo eurocêntrica, sobre a nossa historia que nos é contada pela visão do colonizador. Isso precisa mudar, precisamos valorizar mais nossa cultura e dos nossos ancestrais, contar a nossa história com a nossa visão e assim tentar criar um ambiente mais plural e de respeito".

Acompanhe abaixo a entrevista com a estudante de Comunicação Social - Jornalismo Denise Corrêa, realizada pelo Instituto Ramagem (IR).

IR: Como surgiu em vocês essa preocupação com a morte de afro-religiosos em Belém? 


Corrêa: Bom, a preocupação em tratar da temática sobre a morte de afro-religiosos em Belém surgiu primeiramente a partir de uma postagem que vi no Facebook sobre a morte do Pai Banjo, ou Nego Banjo, como também era conhecido. E nessa postagem falava sobre as outras mortes que já tinham ocorrido naquele ano (2016), mas que esses fatos eram totalmente invisibilizados, segundo a postagem. Então, eu fui procurar matérias jornalísticas sobre essas mortes e o pouco que encontrei dentro dos meios de comunicação convencionais eram bastante superficiais e traziam uma abordagem apenas factual, sem aprofundamento no assunto. E nessa época, coincidiu de eu estar fazendo a disciplina de radiojornalismo, ministrada pela Professora Lorena Esteves, que me orientou neste trabalho, assim como o professor Arthur Leandro/ Tatá Kinamboji que faz parte da comunidade afro-religiosa e pode me aproximar das fontes e personagens que utilizei no audiodocumentário. Então, a preocupação em abordar esse assunto foi ganhando cada vez mais força por eu ter também uma proximidade com a comunidade afro religiosa por meio do movimento negro, no qual faço parte aqui em Belém. 


IR: Como vocês fizeram para configurar que estes crimes tinham relação com a religião, não uma mera coincidência? 


Corrêa: Respondendo a segunda pergunta, essa relação entre os crimes e a religião fica mais evidente quando tive a oportunidade de ouvir os relatos das lideranças afro religiosas para o audiodocumentário. Para eles, não há dúvidas. As violências sofridas pelas comunidades afro-religiosas no dia a dia são inúmeras e que vão desde a forma como as pessoas olham para eles quando andam com as suas indumentárias na rua, passando por situações mais graves como apedrejamentos de terreiros, pichações intolerantes no muro de suas casas/terreiros, até chegar na maior violência enfrentada por eles que é a morte. Então, todos esses fatos corroboram para que essa relação seja estabelecida. Outro fator que coloca essa relação em evidência, segundo o relato das lideranças entrevistadas é que não haveria outro motivo para as mortes se não a intolerância na maioria dos casos, pois eram pessoas que não tinham qualquer desavença ou inimizades. O Nego Banjo é um exemplo. 


IR: Quais as dificuldades de acesso às informações no Sistema de Segurança Pública sobre estes casos?  E como vocês avaliam o desempenho do Sistema de Segurança Pública nos casos de intolerância religiosa? 


Corrêa: As dificuldades de acesso são muitas. E essa dificuldade perpassa por diferentes níveis, inclusive o racismo religioso é visível também dentro do sistema de segurança pública por parte de profissionais, sejam policiais, delegados, etc. No audiodocumentário, por exemplo, pude entrevistar Mayume Banjo, esposa de Nego Banjo e ela relata a dificuldade de registrar até o boletim de ocorrência para que a morte de seu marido fosse investigada. Outra questão relatada no trabalho é que muitas das ocorrências solicitadas pela comunidade afro religiosa como casos de intolerância (os apedrejamentos aos terreiros, casos de sal jogado em suas portas, caixas de som com louvores evangélicos em volume máximo para atrapalhar os ritos, etc) são tidos por muitos policiais que chegam ao local como apenas "briga de vizinhos", não levando em consideração a relação de intolerância existente nessas brigas.
No trabalho, eu pude entrevistar três pessoas ligadas à Segurança Pública: Anna Lins, que atualmente é ouvidora da Segup, o delegado Jivago, da Delegacia de Homicídios e que era responsável pela investigação da morte de Nego Banjo e a delegada da Delegacia de Combate a Crimes Discriminatórios e Homofóbicos, Hildenê Falqueto. A ouvidora Anna Lins tem um envolvimento destoante dos demais por acreditar que esse racismo religioso é real e que as mortes que ocorreram estão sim relacionadas a isso. Já o Delegado Jivago, relata uma descrença nessa relação. A Delegada Hildenê Falqueto apresenta dados de ocorrências registradas na Delegacia: Durante todo o ano de 2015, apenas três ocorrências de intolerância religiosa foram registrados, enquanto que nos primeiros três meses de 2016 o mesmo número de ocorrências foi registrado, significando um possível aumento no decorrer do ano, mas que ainda é muito pouco considerando os relatos de violência sofridos diariamente pelos afro religiosos. Porém, esse baixo número de registros de ocorrência se justifica pela descrença (e medo de represálias) da comunidade afro religiosa em prosseguir com as denúncias. Esse empasse e todas esses obstáculos enfrentados dificulta a criação de dados mais concretos sobre racismo e intolerância religiosa por parte da Segurança Pública e consequentemente, invisibiliza a criação de políticas públicas que possam reverter essa situação ou até mesmo qualificações específicas para profissionais da segurança pública para que os casos sejam devidamente tratados. 


IR: Como se deu a execução do audiodocumentário? Qual a expectativa de vocês na divulgação deste trabalho?


Corrêa: A execução do audiodocumentário foi bastante difícil no sentido de conciliar esse projeto com as demais atividades da faculdade, o que fez com que a expectativa criada não fosse superada da forma como eu queria. Infelizmente, tive problemas pessoais que também comprometeram uma melhor execução do trabalho durante o ano de 2016 e início de 2017, mas que pretendemos reverter dando um melhor acabamento ao material e atualizando os dados para 2017 também. As entrevistas colhidas são muito ricas em informações e emoções e que precisam ser expostas para que a contribuição no combate ao racismo religioso se concretize, pois este é o objetivo do trabalho.  


IR: Como vocês avaliam o fenômeno da intolerância religiosa e como vocês o relacionam com as religiões de matriz africana? 

Corrêa: A intolerância religiosa é um fenômeno crescente e alarmante em todo o país, em especial com as religiões de Matriz Africana. O termo "Racismo Religioso" é colocado pela comunidade afro religiosa porque desde a chegada de negras e negros escravizados no país, as suas crenças e expressividades religiosas foram criminalizadas e proibidas. Sabemos que nesse período de colonização do Brasil, tanto negros quanto indígenas foram obrigados a se adaptar a uma religiosidade cristã imposta pelo colonizador branco e europeu. E até os dias de hoje, essa imposição religiosa é refletida por meio desse racismo religioso que construiu um imaginário de demonização e aversão às religiões de matriz africana na sociedade brasileira. Podemos ver esse racismo religioso expresso em cultos e músicas evangélicas que demonizam orixás e qualquer expressividade afro religiosa, por exemplo. Podemos ver também esse racismo religioso em dizeres populares como "Chuta, que é macumba", "Estar com a pomba gira no corpo", e outras tantas que são extremamente naturalizadas no nosso dia a dia. O desconhecimento sobre as religiões de matriz africana ainda é gigantesco e o direito à liberdade de consciência e de crença ainda é negado aos afro religiosos, mesmo sendo previsto no artigo 5º da Constituição brasileira.
Você pode ouvir o documentário clicando aqui.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

MISSÃO ECUMÊNICA PAU D´ARCO: DENÚNCIAS E ANÚNCIOS SOBRE CHACINA E DESAPROPRIAÇÕES DE TERRA

TEXTO: Comunicadores Feact Brasil


A Missão Ecumênica Pau d´Arco realizou, entre os dias 08 e 10 de novembro, incursões ao Sudeste paraense, em solidariedade aos massacres e desapropriações de terra que vêm ganhando força na região devido aos conflitos fundiários. A ação contou com realização do Fórum Ecumênico Brasil (FeBrasil), Processo de Articulação e Diálogo Internacional (PAD), organização do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, Diocese de Marabá, Conceição do Araguaia e Xinguara, e apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e das agências internacionais Misereor, Brot für die Welt, Christian Aid, Heks Eper e Fundação Ford.

Vem aí o 31º Curso de Verão do CESEEP

ÉTICA PARTICIPAÇÃO POPULAR NA POLÍTICA
A SERVIÇO DO BEM COMUM

 De 09 a 17 de janeiro de 2018 


ÉTICA E PARTICIPAÇÃO POPULAR NA POLÍTICA A SERVIÇO DO BEM COMUM é a temática do XXXI Curso de Verão, onde se busca:
     – compreender o momento atual;
     – resgatar os pilares do exercício da política;
     – motivar a participação popular e sua organização, a serviço do bem comum;
     – articular fé e política;
     – cobrar o agir ético de todos os atores públicos,
     – descortinar um horizonte de esperança.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Fundamentalista ou ornamentista?

Hoje, 16 de novembro, é o Dia Internacional para a Tolerância, que foi instituído pela Organização das Nações Unidas, em reconhecimento à Declaração de Paris de 1995, com 185 Estados signatários.

Compartilhamos a reflexão abaixo, especialmente para pautarmos esta data.

Religião é uma casa construida.
A fundação que sustenta tudo não é visível, como a fé. Depois vem as colunas e paredes que são os ritos e tradições. No final colocamos o telhado de palavras... discursos. Mas, como em toda construção, o que dá realmente trabalho e onera a obra é o acabamento, a decoração, o ornamento, que nada mas são que firulas para o funcionamento da instituição religiosa e o exercício da crença.
Muitos estão preocupados apenas com estes detalhes. Até porque, como são ornamentos, podem disfarçar a sujeira na parede, encobrir o estado precário das colunas ou esconder a corrosão do piso. A manutenção da boa aparência do acabamento exige muito investimento e o afastamento de tudo que a ameace.
Como uma tia chata que tenta alucinadamente preservar a arrumação da casa num final de semana de visita dos sobrinhos inquietos e desastrados, os fundamentalistas se apegam com as aparências e defendem que é na boa aparência (roupas, costumes, comportamentos) que se expressa a boa religião. No entanto, por trás das aparências, suas estruturas são frágeis e sua fundação insegura.
Os fundamentalistas não deveriam ser chamados desta forma, mas sim de ornamentistas. Visto que de fundamento  mesmo eles não entendem de quase nada, muito menos se importam, apenas cuidam de cortinas, enfeites e outras decorações da fé, sua e alheia.

Por Tony Vilhena

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Consulta Pública sobre PLC 130/2009

O Senado abre consulta pública sobre o Projeto de Lei da Câmara (PLC) que dispõe sobre a aplicação de provas e a atribuição de frequência a alunos impossibilitados de comparecer à escola, por motivos de liberdade de consciência e de crença religiosa.

Qual é a sua opinião? 

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Ivan Poli: O Fundamentalismo Religioso contra a Laicidade e os Valores Civilizatórios Africanos na Educação Brasileira faz suas Vítimas

Os retrocessos não cessam. Recebo uma denúncia que fere não apenas a liberdade de expressão, mas também as Leis 10639/03 e 11645/08. A Universidade ao invés de abrir um espaço de debate e diálogo para enfrentar o preconceito religioso e em grande medida racial, escolheu o caminho mais fácil, a demissão do professor que não abriu mão de educar e formar com o compromisso de combater o fundamentalismo religioso, os preconceitos e a ignorância promovida por igrejas que fizeram da fé um mercado e dos fiéis consumidores.

As obras do professor Ivan Poli podem ser encontradas em seu perfil da Academia.Edu
Abaixo seu relato:

terça-feira, 31 de outubro de 2017

A reforma protestante, 500 anos depois

por Magali do Nascimento Cunha* publicado 31/10/2017 01h00, última modificação 30/10/2017 10h52
 
Cinco séculos atrás, Martinho Lutero pregava suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg. O que mudou desde então? 
 
 
Nesta terça-feira, 31 de outubro, igrejas protestantes em todo o mundo celebram os 500 anos da Reforma Protestante. Esse dia ficou conhecido como aquele em que o monge alemão Martin Luther teria pregado suas 95 teses na porta da igreja do castelo da cidade alemã de Wittenberg. Elas representavam uma tomada de posição contra o que Lutero considerava práticas abusivas do clero católico romano, como a venda de indulgências (uma forma de perdão dos pecados), e posições doutrinárias que desviavam dos valores primeiros da fé cristã.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Paulinho Fonteles, uma vida de luta!

A noite cai
e penso em ti, minha mãe.
Minhas botas estão sujas

pelos dias com meus companheiros,
mas meu coração está limpo

e sereno
e nutro grandes esperanças.
Sou todo combate.
(Poema de Paulinho Fonteles para sua mãe, em agosto de 2009)

Mametu Nangetu, Pr. Toninho, Rev. Marcos Barros, Alcidema Coelho e Pe. Bruno Sechi
Paulo Fonteles Filho nasceu na prisão. Sua mãe Hecilda Veiga havia sido presa no quinto mês de gestação por lutar pela democracia. Seu pai Paulo Fonteles também foi preso no mesmo período e pelo mesmo motivo.
Aos quinze anos, em 1987, Paulinho perdeu seu pai assassinado por pistoleiros. Pois, como deputado estadual e advogado atuante nas causas de trabalhadores rurais, incomodava os interesses do latifúndio e das elites do estado.
Dramas estes que o lapidaram como um militante incansável.
Foi liderança estudantil e vereador de Belém por dois mandatos, pelo PCdoB. Atuava na Comissão da Verdade do Pará e presidia o instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos, numa luta incansável na disseminação dos valores democráticos, o que lhe rendia várias ameaças de morte.
Como se autodefine no poema para sua mãe Hecilda, professora da UFPA, era "todo combate".
Até na sua despedida Paulinho Fonteles fez o que mais gostava: juntar o povo, lutadores e lutadoras pela igualdade e justiça. Como vemos na foto, onde representações religiosas preparam ato inter-religioso no salão da Assembleia Legislativa do Pará.

Por Tony Vilhena

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Voto evangélico? Não é bem assim

 
A última pesquisa Datafolha sobre a influência de líderes religiosos na política revela: os fiéis não devem ser tratados como um grupo monolítico 
 
A última pesquisa do Instituto Datafolha, destacada na primeira página da Folha de S. Paulo em 23 de outubro, revela aspectos interessantes para se discutir a relação entre religião e política no Brasil.

O primeiro mostra que somente uma pequena parcela dos brasileiros, 19%, leva em conta a opinião de seus líderes religiosos quando estes fazem campanha por algum candidato. Entre os evangélicos, 26% dizem considerar esta orientação. O índice sobe para 31% entre fiéis neopentecostais. Entre os católicos, a taxa é de 17%, um pouco abaixo da média. Apenas 9% dos entrevistados disseram já ter votado em alguém indicado por líderes da igreja.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Como será o FSM 2018 em Salvador? Participe da consulta


Como será o FSM 2018 em Salvador?

O Grupo Facilitador do FSM 2018 consulta organizações e movimentos internacionais sobre papel do FSM e chamadas das lutas que virão a Salvador. Você também pode participar respondo aqui mesmo nos comentários.  Tudo será recolhido para orientar  formato e territórios temáticos do FSM. Confira as questões.

  • Pergunta 1: Qual é a sua organização ou movimento?
  • Pergunta 2: Qual é o papel do FSM 2018 para transformação da sociedade?
  • Pergunta 3: O que sugere como metodologia para o FSM 2018?
  • Pergunta 4: O que você(s) pode(m) fazer pelo FSM 2018?
  • Pergunta 5: Qual é o seu grito / lema / palavra força da sua luta de resistência para um outro mundo possível? (Observação: esses gritos / palavras força / lemas devem ajudar a subsidiar a definição dos eixos temáticos (ou de resistência) do FSM 2018.)
Clique aqui e dê sua contribuição

sábado, 7 de outubro de 2017

Círio e subversão

Amanhã é dia de celebrarmos o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará.

A música, a poesia e a literatura descrevem com beleza e maestria, de todos os ângulos possíveis, a grande festa religiosa que move multidões em romarias...
Bem. Meu olhar sobre o Círio é literalmente assaltado pelo aspecto da subversão que a festividade apresenta.
O Círio não é de uma religião ou de uma igreja. .. ele é  do povo. O Bispo até tenta impor sua autoridade clerical, veste-se com as roupas pomposas, anda como se estivesse saindo de carruagens medievais, emite sermões com a opinião da Igreja, mas o povo está vidrado na "Santinha". O ano que a Igreja disser que não vai ter Círio, o povo dará de ombros e sairá da Sé à Nazaré no segundo domingo de outubro, tranquilamente.
O governo, a polícia, as "autoridades" emitem notas, se arrumam para aparecer na tv, fazem de tudo pra ficar no "núcleo de poder" que tem no centro a Berlinda, quanto mais próximo da Berlinda, mais status e prestígio se tem. Entretanto, quem tem intimidade com o sagrado de verdade sãos as vovozinhas que lá de longe acenam suas ventarolas para a "Nazica" , "Naza" ou "Nazinha".  Eu penso... égua ,  isso sim é in-ti--mi-da-de.
Aqui, como não é um tratado de antropologia, nem vou falar do Auto do Círio, da Festa da Chiquita (lacrou, mana!!!), do arraial, da diversidade religiosa transversal que há em cada manifestação, enfim, todo cenário paradoxal entre sagrado e profano que está presente por todos os cantos da cidade.
Por fim, registro outro traço interessante e subversivo do Círio. É o de se celebrar a força e a divindade de uma mulher. Uma Igreja comandada por homens, uma sociedade que a cada quatro segundos violenta uma mulher, têm que se render, se ajoelhar, rememorar a história de uma mulher que engravidou jovem, na periferia da periferia de uma cidade chamada Nazaré, solteira,  que foi inicialmente abandonada até pelo noivo, mas que guardou no seu ventre uma possibilidade de acabar com a humilhação que seu povo sofria dos romanos, de trazer à tona uma vontade coletiva de dizer NÃO  para os senhores, de se pensar como seria viver de outra forma... Tanto que quando Jesus nasceu, Maria e José tiveram que fugir pra África para os governantes não o matarem.
É esta Maria que celebro. Nela vejo minha vó, minha mãe, minha filha, minha companheira, todas as mulheres que levantam a cabeça e aceitam o desafio de encarar a vida de forma transformadora e empoderada, que no dia a dia são chamadas loucas, de bruxas, de putas... mas resistem e resistem.
É assim que quero desejar um feliz Círio para as pessoas que amo. Que seja um Círio ainda mais especial do que os dos outros anos. Um feliz Círio subversivo.

Tony Vilhena
Cientista social e mestre em ciências da religião

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Participe do Seminário “Diversidade Religiosa: Respeito à Religião também é um Direito”


Nos próximos dias 10 e 11 de outubro, ocorrerá o seminário “Diversidade Religiosa: Respeito à Religião também é um Direito”. Evento organizado pelo Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa (CNRDR), Ouvidoria do Sistema Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (SIEDS) e Grupo de Trabalho de Matriz Africana do Conselho Estadual de Segurança Pública (Consep), em parceria com a Defensoria Pública do Estado do Pará e Delegacia Geral. O seminário será das 8h30 da manhã às 17 horas, no auditório A da Delegacia Geral e contará com a presença de diversas autoridades religiosas e representantes do Estado. O Seminário discutirá o tema respeito à diversidade religiosa no Pará.

Na ocasião, a instalação do Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa no Pará também será foco do evento. Na data de 11 de outubro, segundo dia do seminário, haverá uma reunião de institucionalização do Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa no Estado do Pará, que foi solicitada pelo Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa, ligado ao Ministério Nacional de Direitos Humanos e que deve contar com a participação de diversos representantes de instituições religiosas, além de autoridades e gestores de políticas públicas.

Para a sacerdotisa de nação Angola do Candomblé, Mametu Nangetu, que está no segundo mandato como representante do Pará no CNRDR, fazer a cultura de paz e ter respeito mutuo é fundamental para que possamos ter um mundo melhor. “É de extrema relevância que a gente trabalhe com a diversidade religiosa. É salutar que respeitemos todas as religiões. O racismo, a intolerância, o desrespeito com a nossa ancestralidade está demais. Todas as religiões são boas. Depende de cada um se encontrar no seu lugar”, lembra a afro religiosa que também compõe o Grupo de Trabalho de Matriz Africana do Conselho de Segurança Pública do Estado.

A Secretária Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania, Flávia Piovesan, afirma que o evento vai fortalecer o espírito de respeito e aliança. “Gostaria de parabenizar a iniciativa do Governo do Pará, em especial a Ouvidoria do SIEDS, pela promoção do seminário. Com certeza, esse momento somará conteúdo e dará força às discussões que também se estabelecerão na reunião descentralizada do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa que ocorrerá no Estado, parceria do Governo Federal com a Ouvidoria", destaca.

Ela ressalta que, no bojo dos eventos, também ocorrerá a instalação do Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa, mais um mecanismo de participação e articulação para uma pauta tão importante. "Nos dias de hoje, faz-se imperativo fomentar o debate e promover iniciativas de respeito à liberdade religiosa e à laicidade do estado, haja visto o crescimento das denúncias sobre casos de violência e intolerância religiosa, como as que recebemos por meio do Disque 100”, detalha.

SERVIÇO:

Seminário “Diversidade Religiosa: Respeito à Religião também é um Direito”.
Dias: 10 e 11/10/2017
Início: 08h30
Local: Auditório A da Delegacia Geral do Estado do Pará (Avenida Gov. Magalhães
Barata, 209, bairro Nazaré, Belém - PA)
Informações: (91) 3184-2909 / 98843-7443
Site: www.ouvidoria.ssp.pa.gov.br / E-mail: ouvidoria.sieds@segup.pa.gov.br


PROGRAMAÇÃO

DIA: 10/10/2017

MANHÃ – 8h30

1) Mesa de abertura com autoridades;

2) Apresentação do Relatório do Grupo de Matriz Africana do CONSEP;
Expositora: Zélia Amador de Deus – Coordenadora do GT de Matriz Africana

3) Relatos de familiares de vítimas de afro-religiosos assassinados e casos de intolerância religiosa.

INTERVALO PARA O ALMOÇO – 12:00 às 14:00

TARDE – 14h
4) Apresentação do Relatório de Intolerância e Violência Religiosa no Brasil (2011 e 2015) pelo Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa (CNRDR).

DIA: 11/10/2017

MANHÃ – 8h30

1. Mesa de debates – “A necessidade do respeito à Diversidade Religiosa”. Integrantes: Zélia Amador; Edson Katendê; Táta Kinamboj, Defensores Públicos Johny Fernandes Giffoni e Juliana Oliveira.

2- Reunião de institucionalização do Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa no Estado do Pará.



Fonte: Site da Polícia Civil do Pará

Análise da decisão do STF que permite que o Ensino Religioso seja exercido de forma confessional

Ensino religioso vinculado a crenças:

Por seis votos a cinco, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram na tarde de quarta-feira que as escolas públicas podem oferecer aulas com professores representantes de religiões específicas. É o chamado ensino religioso confessional, em que os magistrados podem promover as próprias crenças no ambiente escolar. Na prática, um padre ou um pastor poderão ficar responsáveis pelos ensinamentos aos estudantes. 
Na rede estadual de Santa Catarina, as aulas de Ensino Religioso são ministradas em escolas públicas do 6º ao 9º ano por cerca 800 professores — todos formados em Ciências da Religião com licenciatura em Ensino Religioso, que é um pré-requisito no momento da seleção. O modelo não-confessional, que é o oposto do que ratificou o Supremo, é adotado há mais de uma década e tem respaldo em um decreto e uma lei estaduais. 
Na entrevista abaixo concedida ao Diário Catarinense, o coordenador de ensino religioso da Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina (SED) Élcio Cecchetti comenta a decisão recente de Brasília, que considera "um retrocesso sem igual". O professor de ensino religioso e coordenador do Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso também adianta que o Estado não irá adequar-se a ela. Confira:

Terreiro de Mãe Thaiana, em Souzel, exibe o Tela Negra

Instituto Ramagem participa do Tela Negra em Souzel
 
No dia 28 de setembro de 2017, o Instituto Ramagem cooperou na promoção do Projeto Tela Negra, desenvolvido na cidade de Senador José Porfírio, conhecida simpaticamente como Souzel, na casa de cultos afro-religiosos “Terreiro de Xangô Caô”, liderado pela sacerdotisa Mãe Thaiana.

 

O Tela Negra consiste em exposição gratuita de filmes etnográficos com temáticas da diversidade étnico-racial, é promovido pela Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial da Secretaria de Estado de Educação do Pará (COPIR/SEDUC) como estratégia de complementação de currículos escolares e de implementação da Lei 10.639/2003, que instituiu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na Educação Básica, visando combater e superar o racismo.
 
 
Foram exibidos o desenho animado “É bom saber: racismo religioso”, que mostra os preconceitos que alunos/as afro-religiosos sofrem nas escolas e aponta para a necessidade de reconhecimento das diferenças e do respeito à diversidade religiosa; e o documentário “Trilha Afro-Amazônica e seus símbolos”, que compõe o projeto elaborado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, onde sacerdotes e sacerdotisas de várias nações das religiões de matriz africana apresentam elementos da flora do Parque Zoobotânico do Museu e seus significados filosóficos, teológicos e culturais.
 
 
 
Diante de uma acolhida tão generosa, que, além das lideranças do Terreiro, contava com crianças, visitantes e professores/as que participavam do curso Afro-Pará – Formação de Professores/as em Ensino das Africanidades, também promovido pela COPIR, pode-se registrar o anseio de seguidores/as das religiões de matriz africanas de serem respeitados/as, não apenas tolerados/as, pela sociedade.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Curso Livre: Religiões de Matriza Africana no Pará

História, Memória e Saberes Africanos e Afro-brasileiros por sacerdotisas e sacerdotes


A proposta do curso é apresentar as diferentes concepções sobre as religiões de matriz africana, seus processos históricos e civilizatórios no Brasil, bem como contribuir para um maior conhecimento e respeito sobre essas práticas religiosas. Em tempos de Intolerância Religiosa enfrentamos hoje, talvez mais do que nunca, o desrespeito à memória de nossa ancestralidade, ao nosso Sagrado. Os dados sobre a Intolerância religiosa são alarmantes:

"Os dados demonstram que os adeptos e Terreiros de Religiões de Matriz Africana são a maioria entre os casos denominados de Intolerância Religiosa. Dos 300 casos denunciados ao Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos, 26,19% das vítimas eram candomblecistas e 25,79% eram umbandistas. Segundo dados da Secretaria dos Direitos Humanos (SDH), vinculada ao Ministério da Justiça, entre janeiro e setembro de 2016 (dado mais recente disponível), foram registradas 300 denúncias de Intolerância Religiosa, pelo Disque 100. Na comparação com o mesmo período do ano passado, que teve 146 denúncias, foi registrado um aumento de 105%." 
 
As aulas do curso serão apresentadas em 4 encontros, sob a forma de rodas de conversa com pessoas que possam falar sobre suas religiosidades e formas de culto, independentemente de suas alianças e grupos. A primeira aula será realizada no dia 27 de setembro, às 16h no Laboratório de Antropologia. 
 
Inscrição: Será realizada na sala do GEAM (Localizado no IFCH) e dia 27 às 15h no Laboratório de Antropologia
Certificado com carga Horária: 60h
Valor: R$ 5,00
Maiores informações: afroamazonicos@gmail.com

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Diretora de escola que proibiu apresentação de pesquisa sobre umbanda é denunciada por intolerância religiosa na RMB

Diretora de escola particular de Ananindeua foi gravada por alunos proibindo o trabalho sobre entidade de matriz africana

 

Por G1 PA, Belém
Alunos são proibidos de apresentar trabalho sobre entidade do candomblé
Alunos são proibidos de apresentar trabalho sobre entidade do candomblé

O Ministério Público do Estado do Pará protocolou, na 3º Vara Criminal de Ananindeua, a denúncia contra a diretora do Centro de Educação Trindade, Ana Trindade, envolvida em caso de intolerância religiosa, ocorrido em 2016, no bairro de Águas Brancas, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (2). Na ocasião, a diretora vetou a apresentação de um trabalho que falava sobre Pombagira, uma entidade de religião de matriz africana. O G1 tenta contato com a diretora.
Em novembro de 2016, um vídeo feito por alunos registrou a discussão com a diretora (veja acima). No vídeo, a professora repreende o tema escolhido pelos alunos. “Pombagira? Credo! Sangue de Jesus”, diz Ana Trindade, também dona do colégio. “A senhora tem de respeitar outras religiões”, retruca o aluno Gabriel Ferreira, que propôs o tema. “Não, eu não sou obrigada a entender as outras religiões. Eu não quero e acabou!”, diz a gestora na conversa com o grupo de estudantes.
No vídeo, a diretora diz que a escola tem princípios cristãos. “Eu tenho que dizer pra vocês: aqui dentro da minha escola vai funcionar, vai se realizar e vai se apresentar o que eu achar que é de Deus. Nada de Pombagira aqui dentro”, declara Ana Trindade. “Mas a Pombagira Cigana é uma lenda cultural. A senhora respeite”, argumenta Gabriel. 

Denúncia
A denúncia contra Ana Trindade foi instaurada no último dia 17, após a solicitação encaminhada pela Comissão de Direito e Defesa da Liberdade Religiosa da OAB-PA.
O presidente da Comissão de Direito e Defesa da Liberdade Religiosa da OAB-PA, Emerson Lima, relembra que na época do ocorrido a comissão atuou de forma incisiva após o conhecimento do caso e entrou imediatamente com uma representação criminal para que o Ministério Público apurasse os fatos mediante processo investigatório e propusesse uma ação penal contra a diretora, que cometeu o crime de intolerância religiosa, além da proposição da ação civil pública contra a instituição de ensino.
"A denúncia contra a diretora não é só uma vitória da comissão, mas da democracia e da pluralidade de expressões religiosas. Além disso, também demonstrou que o Estado é Laico, e essa qualidade deve ser respeitada em todas as esferas sociais, principalmente no ambiente escolar. É importante destacar ainda que a denúncia traz visibilidade para outras situações de intolerância, onde as vítimas sequer sabem como agir", ressalta o presidente da Comissão de Direito e Defesa da Liberdade Religiosa da OAB-PA. Ele também afirmou que a seccional paraense continuará acompanhando o prosseguimento do processo e aguardará a punição da suspeita. 

Fonte: G1 Pará

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

STF suspende julgamento sobre ER nas escolas públicas


STF<br>Fonte: STF
Foi suspenso nesta quinta-feira (31) o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4439 pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), na qual o procurador-geral da República pede que o Tribunal assente que o ER nas escolas públicas somente poderá possuir natureza não confessional. Até o momento, os ministros Roberto Barroso (relator), Rosa Weber e Luiz Fux votaram pela procedência da ação. Já os ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin votaram no sentido da improcedência.
O julgamento da matéria teve início na sessão de ontem (30), quando o relator, ministro Luís Roberto Barroso, votou pela procedência da ação. Ele entendeu que o ER nas escolas da rede oficial de ensino do país deve ser desvinculado de religiões específicas e que deve ser vedada a admissão de professores para atuar na qualidade de representantes das confissões religiosas.

Divergência
O julgamento foi retomado hoje com o voto do ministro Alexandre de Moraes. Ao divergir do relator, o ministro se manifestou pela improcedência da ação, por entender que o ER nas escolas públicas brasileiras deve ter natureza confessional, ou seja, vinculado às diversas religiões, devendo ser voluntária e expressa a vontade do aluno em se matricular na disciplina.
Ele propôs, também, que as aulas sejam ministradas por meio de parcerias com as diversas confissões religiosas, sem a necessidade de realização de concurso público. Segundo o ministro, o Estado ficaria responsável pelas salas de aula e a organização, e as crenças religiosas, previamente cadastradas em igualdade de condições, ofereceriam o seu ensino.
De acordo com o ministro, as normas questionadas pela PGR – dispositivos da LDB e do acordo firmado entre o Brasil e a Santa Sé – não ofendem a Constituição Federal. Ele observou que a Constituição garante a liberdade de expressão às ideias majoritárias e minoritárias, progressistas e conservadoras, políticas e religiosas. Assim, avaliou que “não se pode, previamente, censurar a propagação de dogmas religiosos para aquele que realmente quer essas ideias”.
Para o ministro, deve haver respeito à laicidade do Estado, à liberdade religiosa e ao ensino confessional , com observância do princípio da igualdade em relação à possibilidade de oferecimento de ensino religioso a todas as crenças. Conforme Alexandre de Moraes, a democracia exige tolerância, diversidade de opiniões e espírito aberto ao diálogo, “base para a construção de uma sociedade mais forte e mais livre”.
Ainda segundo o ministro, a elaboração de conteúdo único e oficial para a disciplina ER pelo Estado, nela resumindo os principais aspectos descritivos, históricos, filosóficos e culturais de várias religiões e assumindo a responsabilidade de ministrá-la, configuraria um duplo desrespeito à consagração da liberdade religiosa. Segundo ele, não seria possível estabelecer conteúdo mesclando as diversas crenças religiosas, em desrespeito a singularidade de cada uma delas.
Em voto pela improcedência da ação, o ministro Edson Fachin observou que o princípio da laicidade não se confunde com laicismo, mas apenas veda que o Estado assuma como válida uma crença religiosa ou uma determinada concepção de vida em relação à fé. Para o ministro, a separação entre igreja e Estado não pode implicar o isolamento dos que guardam uma religião à sua esfera privada.
Segundo Fachin, o preparo para o exercício da cidadania, objetivo imposto pelo texto constitucional ao direito à educação, só tem sentido se desenvolvido para estimular uma sociedade democrática e plural, sem eliminar as razões religiosas, mas traduzindo-as. “A escola deve espelhar o pluralismo da sociedade brasileira. Ela deve ser um microcosmo da participação de todas as religiões e também daqueles que livremente optaram por não ter nenhuma”, argumentou.

Procedência
Ao seguir o voto do relator, a ministra Rosa Weber afirmou que a interpretação sistemática e harmônica dos textos constitucionais suscitados na ADI leva ao endosso da tese de que o ER nas escolas públicas só pode ser o de natureza não confessional. Em seu entendimento, a disciplina não pode estar vinculada a qualquer crença ou religião, sob pena de comprometimento do princípio da laicidade, que professa a neutralidade do Estado quanto às diversas religiões de modo a proporcionar convivência pacífica entre os seguidores das diversas confissões e assegurar respeito aos indivíduos que optam por não professar religião alguma. “Religião e fé dizem respeito ao domínio privado e não com o público. Neutro há de ser o Estado”, afirmou.
Em seu voto, o ministro Luiz Fux também acompanhou o posicionamento do relator e defendeu a possiblidade exclusivamente não confessional do ER na rede pública. Ele pontuou inicialmente que o Brasil é uma nação pluriétnica e plurirreligiosa, regido pela laicidade do Estado, liberdade religiosa, igualdade e liberdade de expressão e de consciência. Frente a isso, indagou se é razoável a escola pública ser um espaço para se transmitir lições de fé a crianças e adolescentes.
Fux fez ressalvas, adicionalmente, quanto à hipótese de contratação de professores religiosos, o que iria de encontro ao princípio da isonomia, atingindo os professores laicos que se dedicaram ao estudo da religião. Observou ainda que o próprio texto do artigo 33 da LDB foi reformado para excluir a previsão do ensino confessional. “A educação pública religiosa, universalista e não confessional é a única apta a promover gerações tolerantes que possam viver em harmonia com diferentes crenças na sociedade plural, ética e religiosa”, concluiu.
O julgamento deve ser retomado na sessão do dia 20 de setembro.

Íntegra do voto do ministro Alexandre de Moraes
Íntegra do voto do ministro Edson Fachin
Fonte: STF

Oficinas Deliberativas de "Pluralismo Religioso e Relações Étnico Raciais" (Belém/PA)

O evento foi promovido pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), em parceria com o Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (UEPA), como uma atividade desenvolvida pelo programa Institucional Educação e Relações Étnico Raciais.
Houve na abertura a explicação do Projeto que se iniciou em 2014 com as oficinas deliberativas na cidade de Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF e São Paulo/SP, com o objetivo de discutir ações para promover a Diversidade Religiosa no Brasil.
Em seguida houve uma apresentação analítica sobre o tema das oficinas com o professor Manoel Moraes "Reconstrução do materialismo histórico", "Ampliação do conceito de racionalidade", "Linguagem, razão e esfera pública", "Uso teórico e prático da razão". Após a apresentação houve uma rodada de discussão em plenário, seguida de trabalho em grupo; apresentação de resultados e momento deliberativo em plenário.
Questionamentos:
1- Como levar a sério os princípios, valores, rituais e identidades de sua tradição religiosa e comprometer-se com o respeito e a defesa da diversidade religiosa e do direitos humanos de cada pessoa? Em que a diversidade ameaça a sua identidade religiosa?
2- À luz dos desafios da convivência, da violência, da discriminação, do preconceito, da desigualdade, da pobreza, apresentados e discutidos pela manhã, que contribuição seu grupo religioso tem dado e pode dar para a promoção e defesa dos direitos humanos localmente e nacionalmente e com quem é possível fazê- lo?
Partindo de uma variedade de ideias e sugestões, o grupo chegou a um consenso. Os desafios: Informar o debate público. Fortalecer as iniciativas já existentes e realizar uma caminhada para dar visibilidade ao tema da diversidade religiosa, enfatizando os pontos comuns entre os grupos religiosos envolvidos e promovendo na ocasião um grande debate público.
Construção de políticas públicas. - Marcha Nacional inter religiosa pela diversidade e garantia de direitos, incluindo a regulamentação da Lei 10.639/03 nos estados.
Encerrou-se a oficina após a apresentação no momento deliberativo em plenário, pelos porta vozes rev. Marcos Barros e padre José Maria.

Texto e foto: Roseane Brito da Silva, teóloga e socióloga.
Colaborou como observadora do Instituto Ramagem

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

I Colóquio de Cinema, cultura e desenvolvimento sustentável na Amazônia

http://coloquiodecinema.blogspot.com.br/

Um colóquio é um espaço de conversa, de troca de saberes e experiências, é oportunidade de lançar-se uma luz coletiva, sobre um tema de especial importância no intuito de descobrir-se caminhos e criar sinergia para viabilizar as soluções coletivamente descobertas. Um colóquio é materialidade da poética de que um sonho que se sonha só, é apenas sonho, mas sonho que se sonha juntos é solução. 

O coletivos de realizadores articulados na Luxamazonia Produções Cinematográficas, o Instituto Marajó de Cultura e Cidadania e diversas outras entidades parceiras, estão empenhados na realização do I Colóquio de Cinema, cultura e desenvolvimento sustentável na Amazônia. Este evento será realizado na capital paraense e também no Marajó e pretende reunir um amplo leque de atores sociais, das mais diversas áreas de conhecimentos e atuações profissionais, interessados em pensar sobre o cinema como indústria e cultura, e a Amazônia como lócus histórico, cultural e ambiental.
 
Mais informações aqui

sábado, 26 de agosto de 2017

Mensagem da XVII Assembleia Geral do CONIC

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Lema bíblico: É o amor de Cristo que nos move (2Co. 5.14-20) 

Reunidas e reunidos num espírito de encontro fraterno, diálogo, reflexão e oração, na XVII Assembleia Geral do CONIC, realizada em Brasília, nós Delegadas e Delegados das Igrejas membro, Representantes dos Regionais e Estaduais do CONIC e dos Membros Fraternos. Animadas e animados pela promoção da unidade cristã, do diálogo inter-religioso e do cuidado da criação, celebramos conjuntamente os 500 anos da reforma e vivenciamos a comunhão ecumênica.
O tema central da nossa reflexão foi os 500 anos da Reforma da Igreja, revisitada numa perspectiva histórica, teológica e contextual . O objetivo foi compreender a herança comum da Reforma do século XVI para as Igrejas hoje. Constatamos que Lutero não foi um autor isolado do processo reformatório iniciado no seu tempo, mas catalisador de aspirações que há tempos buscavam mudanças eclesiásticas e desencadeou um processo de renovação a partir da volta ao centro da fé cristã: o próprio Cristo, testemunhado pela Escritura.
Motivadas e motivados pela fé comum em Jesus Cristo, Filho do trino Deus, quem salvou a nós, pecadores e pecadoras, e propiciou a justificação por graça mediante a fé, podemos assumir como nossa herança comum da Reforma do século XVI: uma espiritualidade transformadora; uma compreensão de igreja mais bíblica e patrística que equilibre o mistério e o direito, a doutrina e a espiritualidade, a instituição e a profecia; um projeto de missão que afirme processos de diálogo, cooperação e comunhão e uma atuação profética na sociedade. E nos colocamos no caminho do diálogo e da reconciliação, o qual precisa ser percorrido na consciência que a igreja sempre necessita de reformas.
Afirmamos que o diálogo ecumênico e a pesquisa acadêmica nos permitem adotar uma nova perspectiva sobre o Reformador do século XVI. Na postura de um ecumenismo de recepção, de mútuo aprendizado. Concretamente, para estreitarmos as relações entre nossas Igrejas nos propomos: 1) acolher a herança e os compromissos comuns já identificados no diálogo até aqui realizado; 2) expressarmos a nossa vontade ecumênica por uma fé comum cuja expressão central é: “É somente pela graça por meio da fé na ação salvífica de Jesus Cristo, e não com base aos nossos méritos, que somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo que renova os nossos corações, nos habilita e nos chama a realizar boas obras”, 3) Possibilitar a criação de estruturas eclesiais mais acolhedoras em nossas comunidades.
Compreendemos que a Reforma não começou e nem encerrou com Lutero. O processo da Reforma é uma volta às fontes no intuito de progredir para o futuro, passando por uma interpretação do presente. Portanto, é um processo continuo do qual também fazemos parte. Precisamos sempre de novo uma conversão pessoal, estrutural e pastoral, em todas as comunidades. Lembremos da importante experiência de Reforma na América Latina do século XX, que uniu cristãs e cristãos de muitas igrejas na luta popular por justiça e libertação, motivadas e motivados pela leitura popular, contextual e ecumênica da Bíblia.
Queremos profundas transformações no processo econômico, político, religioso e cultural que gestem um novo Brasil. E assumimos o dever, como igrejas, de contribuir para que na sociedade na qual vivemos aconteçam as transformações necessárias para a promoção e defesa da vida, da justiça e da paz.
Destacamos especialmente o acolhimento por unanimidade como membro pleno do CONIC da Aliança de Batistas do Brasil, sendo este um sinal visível da unidade que queremos construir permanentemente e constituindo um importante avanço na caminhada ecumênica. E neste sentido queremos proclamar nossa alegria pela inserção de forma, agora oficial, desta igreja irmã em nosso meio.
No espírito do amor de Cristo que nos move, reafirmamos nosso compromisso na busca de uma igreja sempre em reforma e na caminhada e construção da unidade na diversidade.
Brasília, 24 de agosto de 2017.

Assinam:
Igreja Católica Apostólica Romana
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
Igreja Presbiteriana Unida
Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia
Aliança de Batistas do Brasil

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Oficina sobre pluralismo religioso da Fundaj

O dia 24 de agosto foi um dia com muito significado e aprendizado, pois foi realizado no Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará - uma das oficinas deliberativas: diversidade religiosa e direitos humanos, abordando um assunto muito pautado dentro das academias: o pluralismo religioso.

No primeiro momento, foi explanado sobre a intolerância religiosa, liberdade e justiça no Brasil. "É preciso ouvir o outro, para poder ouvir a si". Nesse contexto, fez-se uma breve trajetória de pesquisa na visão da construção da igreja, no qual se refere em relação a salvação do outro, esvaziando o outro e deixando a religião do outro invisível. As ciências sociais tem como propósito desconstruir essas "violências" dentro dos discursos religiosos, com a perspectiva de remexer, reelaborar e construir alternativas para religiões.

Em outro momento, debateu-se os conceitos de pluralismo. Pois o pluralismo religioso é uma condição observada em sociedades nas quais não ocorre a hegemonia de uma única religião, ou a hegemonia religiosa tende a desaparecer. Pode ser considerado uma consequência da democratização das sociedades, que considera todos os sujeitos religiosos como legítimos.
 
Esses encontros estão sendo promovidos pela Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj, objetivando estimular o maior envolvimento entre a sociedade civil, academia, grupos religiosos e agentes políticos em processos de participação social nos sistemas nacionais setoriais de políticas públicas. Desta forma, prevê uma maior interlocução entre pessoas e coletivos que atuam em igrejas, movimentos e organizações sociais, assim como operadores de políticas públicas de direitos humanos, sobre as temáticas de gênero e pluralismo religioso e das relações étnico-raciais.










Texto e fotos: Cristiane Ferreira Corrêa (professora de Língua Portuguesa e Inglesa)
Observadora do Instituto Ramagem