quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Escola pública de Parauapebas é premiada em Feira de Ciências por pesquisar diversidade religiosa

Gabriela Silva e Adryel Dias apresentam a pesquisa na FEPACTI
De 11 a 14 de novembro, ocorreu a IV Feira de Parauapebas de Ciências, Tecnologia e Inovação (FEPACTI), que é um encontro para estimular o engajamento de jovens nas ciências. A Feira contou  com participações internacionais de estudantes, além de representações de escolas públicas e particulares de vários estados do Brasil.

Nos vários estandes que ocuparam todo o Ginásio Poliesportivo da cidade de Parauapebas pode-se conhecer as experiências de iniciação científica por nível de ensino, pesquisas desenvolvidas por estudantes em diferentes áreas de conhecimento e propostas de soluções de problemas sociais e ambientais.

A Escola Estadual de Ensino Médio Cecília Meireles foi premiada ao apresentar a pesquisa intitulada Mapeamento da diversidade religiosa no bairro União, sendo este o bairro de localização da escola em Parauapebas. A pesquisa foi realizada pelo Laboratório de Ciências Sociais, representado pelas inscrições dos estudantes Adryel  Dias, Yarisson Carvalho e Gabriela Silva, todos do 3º ano, sob orientação da Profa. Giovana Vilhena e do Prof. Tony Vilhena. Além de troféu e medalhas, os estudantes ganharam bolsas integrais de cursos técnicos das instituições patrocinadoras da Feira.


Prof. Tony Vilhena, Profa. Giovana Vilhena, Sra. Elizete Silva e sua filha Gabriela Silva na premiação
 Como surgiu o interesse pelo tema?

Numa aula de sociologia que tratava de diversidade cultural, os estudantes levantaram a questão de observação do bairro da escola, onde há um cenário de pluralidade de instituições religiosas. Na hora fizeram duas perguntas: há algum tipo de diálogo ou relação entre as representações religiosas do bairro e o porquê de não se observar representações de religiões de matrizes africanas. 

 

Objetivos da pesquisa.

Posteriormente, foram traçados os seguintes objetivos:

- Geral: Mapear a presença da diversidade religiosa no bairro União, em Parauapebas/PA.

- Específicos: Detectar quais as religiões mais representadas no bairro; Averiguar se entre as representações religiosas presentes no bairro há alguma relação, ação comum, experiência de diálogo; Apurar se há presença de religiões de matrizes africanas no bairro.

 

Como foi a pesquisa?

Usando o Google Maps (serviço gratuito da empresa Google que disponibiliza na internet imagens e mapas obtidos via satélite), foi feita a pesquisa “Bairro União em Parauapebas” e depois “Igrejas no Bairro União em Parauapebas” para comparar se havia muita diferença nas informações dos dois mapas, pensando que ao lançar a palavra “religião” poderia-se verificar mais representações, além das várias “igrejas” que pertencem ao cristianismo (Católico Romano e Evangélico/Protestante).

Foram dividas equipes para fazer estudo de campo com registro fotográfico de presença de instituições, monumentos, edificações ou templos religiões no bairro.

 

Curiosidade dos bastidores

Havia uma preocupação de encontrar religiões afro-brasileiras ou de matrizes africanas no trabalho de campo. Pois temia-se em ter que publicar ou divulgar sua localização, visto que há no cotidiano uma postura racista da sociedade que discrimina, persegue e “demoniza” estes cultos, havendo casos de depredação de prédios e templos afro-religiosos, além de ataques violentos aos seus seguidores. Ficou decido que caso encontrado um terreiro, ele seria citado, mas só seria identificado com localização caso fosse encontradas divulgações de seu endereço em placas, faixas ou murais que tornassem público e notório sua presença ou sob consulta de seus responsáveis.



 Resultados da pesquisa

Ao lançar no Google Maps buscas com as palavras “religião de matriz africana”, “terreiro” e “afro-brasileiro”, não houve nenhum destaque ou direcionamento no bairro. Se há presença destes cultos, ocorre de modo “silenciado” ou “invisível”. Após sucessivas caminhadas e tentativas de encontrá-las, não se observou nenhum espaço ou templo afro-religioso. A presença deste segmento religioso está na periferia de Parauapebas e o União é um bairro central.

Embora haja muita diversidade no cenário pesquisado com cerca de 30 instituições religiosas, maioria formada por instituições cristãs, não percebeu-se relações, parcerias ou diálogos entre os segmentos presentes. O que pode significar que haja, na verdade, uma disputa quase mercadológica entre elas. 

Em breve, com o aprofundamento da pesquisa, poderemos ver o trabalho publicado. Abaixo, fotos da participação na FEPACTI.

 














sexta-feira, 15 de novembro de 2019

15 de novembro: Dia Nacional da Umbanda


A umbanda faz parte da diversidade religiosa brasileira.


Origem do Dia Nacional da Umbanda

O Decreto de Lei nº 12.644, de 16 de Maio de 2012, assinado pela presidente Dilma Rousseff, oficializa o dia 15 de Novembro como Dia da Umbanda no país.
A data, no entanto, já era comemorada por milhares de pessoas - principalmente os umbandistas - há muito tempo, pois foi a data em que o espírito de um caboclo anunciou a fundação da nova crença.
Na verdade, a escolha do dia foi uma decisão das entidades federativas do Rio de Janeiro, durante a I Convenção Anual do Conselho Nacional da Umbanda.
Origem da Umbanda
A umbanda surgiu em 15 de Novembro de 1908. Neste dia, um espírito teria se manifestado pela primeira vez em um jovem médium de 17 anos, Zélio Fernandino de Moraes (1891-1975), e mandado criar um novo culto, a Umbanda.

Zélio estava sofrendo com uma paralisia que nenhum médico da época conseguia explicar. Um amigo da família do garoto aconselhou que o levassem para a Federação Espírita do Rio de Janeiro, onde o jovem foi "possuído" pelo denominado caboclo das Sete Encruzilhadas, anunciando que deveria ser fundada uma nova religião no Brasil.


Fonte: https://www.calendarr.com/brasil/dia-nacional-da-umbanda/

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Enem 2019 traz questão sobre agressões contra as religiões de matrizes africanas


A prova azul do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) trouxe uma questão (nº 62) muito interessante sobre intolerância religiosa (veja imagem).
É importante tratar sobre esse problema, pois os "povos de terreiro" são perseguidos historicamente e a percepção de parte considerável da sociedade é de normalidade,.
Vale lembrar que o Enem trouxe o assunto da intolerância religiosa como tema da redação da prova de 2016.
O ENEM gera muita visibilidade. Suas questões geram debates e levantam a necessidade de apresentação nas escolas de assuntos que tratam de temas polêmicos, que setores conservadores querem evitar.
Especificamente sobre a questão acima, escolas que atendem a Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na Educação Básica, tendem a ter garantido um desempenho melhor de seus estudantes.
A professora Giovana Ferreira-Vilhena e o professor Tony Vilhena, que coordenam o Instituto Ramagem e promovem palestras em escolas públicas contra o racismo religioso, afirmam que "as produções culturais dos negros são historicamente alvo de perseguição, marginalização e demonização. Este fenômeno é parte do processo de legitimação da inferiorização das populações negras, chegando ao cúmulo de segmentos religiosos majoritários se acharem no direito de atacarem fisicamente fiéis e depredarem espaços afro-religiosos".
Lembram ainda que professores e professoras que tentam inserir estes conteúdos que tratam do respeito à diversidade religiosa e de conhecimentos sobre religiões de matrizes africanas são comumente perseguidos e atacados também dentro da escola.
No Pará temos um caso-exemplar que aconteceu na cidade de Salvaterra, no arquipélago do Marajó há 10 anos, quando um professor e uma professora promoveram evento pedagógico sobre religiões afro-brasileiras e acabaram sofrendo distrato de contrato com a Secretaria Municipal de Educação acusados pelo prefeito, evangélico, de “ensinar macumba” em sala de aula.
O gabarito oficial do Enem 2019 ainda não saiu, mas, antecipamos que o item correto da questão é a letra E. Pois a postura descrita no texto fere a liberdade de culto, visto que pelos dados apresentados a maior parte das agressões acontecem em local público (ruas e transporte coletivo). 

sábado, 2 de novembro de 2019

Convite: Roda de Conversa sobre Diversidade Religiosa


Neste sábado, dia 02 de novembro, às 19h, ocorrerá em Parauapebas uma roda de conversa sobre Diversidade Religiosa e Esfera Pública. O encontro será na Casa Forja de Ogum, que fica perto do DETRAN.

No cenário atual, quando observa-se a influência determinante de alguns segmentos religiosos majoritários na política e na ação do Governo, desprezando as demais perspectivas de fé e crença e querendo que toda a sociedade se comporte conforme sua visão de mundo, é importante ascender o sinal de alerta.

Interessante que este debate ocorrerá logo no início do mês de novembro, o Mês da Consciência Negra, e num espaço religiosos de matriz africana (Casa Forja de Ogum), chamando a atenção para a situação de perseguição e discriminação religiosa ainda tão comuns na sociedade brasileira.

Na oportunidade, teremos o lançamento do livro "Uma contribuição à história religiosa de Parauapebas" e sessão de autógrafos do escritor Avone Rocha, que é professor de história da Secretaria Municipal de Educação de Parauapebas e membro da Academia Parauapebense de Letras.
Fonte: Facebook de Avone Rocha
Serviço
Evento: Roda de conversa sobre diversidade religiosa.
Data:02 de novembro de 2019, sábado.
Hora: 19h.
Local: Casa Forja de Ogum.
Endereço: Rua Marupa, nº 14-A, Bairro: Martine, próximo ao DETRAN, Parauapebas/PA.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Hoje, 25 de outubro, último dia de inscrição de Simpósio

Simpósio internacional vai discutir questão étnico-racial, de gênero e religiosa no Brasil e no exterior


De 5 a 8 de novembro, vai ser realizado em Brasília (DF) o Simpósio Internacional “Indígena, Negro/a, Quilombolas e Religioso/a de Matriz Africana: Preconceito, Racismo, Discriminação e seus reflexos nas relações de Trabalho, Produção e Consumo”. Promovido pela Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), com apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o encontro busca, entre outras coisas, discutir a questão étnico-racial, de gênero e religiosa no Brasil e no exterior.  

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Programa para promover direito à liberdade religiosa é decretado pelo governo do DF

O Distrito Federal se tornou, nesta quinta-feira (10/10), pioneiro na elaboração de um programa para promover o direito à liberdade religiosa, com a publicação do Decreto nº40.167, no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). O texto autorizou um programa trienal de atividades, que estabelece, entre outras coisas, o aperfeiçoamento de instrumentos pedagógicos relativos à oferta do ensino religioso nas escolas públicas, a promoção de ações de combate à intolerância religiosa e o fomento de políticas públicas.

Parcerias, termos ou pactos pela liberdade religiosa, combate à intolerância religiosa e defesa da laicidade deverão ser firmados entre a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus/DF) e outros órgãos do Distrito Federal com a participação da sociedade civil organizada. Campanhas de divulgação sobre a liberdade religiosa também estão incluídas na ação.

Ao falar sobre o programa, o Secretário da Sejus, Gustavo Rocha, lembrou o art. 5º, VI da Constituição Federal de 1988 que dispõe sobre a liberdade de consciência e de crença. “O brasileiro tem assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção dos locais de culto e suas liturgias”, ressaltou.

A ação realizada pela Sejus no sentido de garantir esses direitos tem merecido reconhecimento internacional. Por duas vezes, representantes da Subsecretaria de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Sejus compareceram a eventos internacionais sobre o assunto.

“O decreto publicado hoje é mais um importante mecanismo que vem contribuir para nosso trabalho em garantir a liberdade religiosa no DF”, comemorou o subsecretário de Direitos Humanos e Igualdade Racial, Juvenal Araújo.


Fonte: SEJUS/DF

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

CAIC manifesta apoio ao Sínodo dos Bispos para a Amazônia

Belém, 22 de setembro de 2019
Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs (CAIC), que representa o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs na Amazônia Oriental, vem somar-se às manifestações de apoio à realização do Sínodo de Bispos da Igreja Católica para a Pan-Amazônia.
Esse encontro de 250 bispos católicos durante três semanas, no próximo mês de outubro, no Vaticano, com a presença do Papa Francisco, vem se somar às interpelações dos povos que habitam territórios dos nove países que compõem esta grande região, de maior diversidade ecológica do mundo, ameaçada pelas ações devastadoras de agentes, empresas e governos que têm priorizado ganhos materiais imediatistas à custa da morte e doença de milhares de pessoas e seres vivos, como são exemplos as recentes queimadas que aumentaram drasticamente no ano de 2019, em comparação com os anos anteriores. Também são exemplos dessa ação terrível a contaminação dos nossos rios pela atividade mineradora, a destruição de culturas tradicionais, indígenas e quilombolas pelo afogamento, devido a barragens, cuja energia é transferida para outras regiões, sem benefícios que compensem a vida dos povos locais.
Desde 2013, em sua viagem ao Rio de Janeiro, para a Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco tem insistido na necessidade de “uma igreja com rosto amazônico”. Nós, da Amazônia Oriental, somos testemunhas dos esforços de nosso povo, com apoio de pastores, pastoras, padres, freiras e bispos, para que sejam enfrentados e resolvidos os problemas que a exploração capitalista impõe às populações locais. O combate à prostituição infantil, à pedofilia, à pistolagem, grilagem, queimadas, ao uso de venenos na agricultura, ceifaram a vida de servos e servas de Deus em nossos territórios, que se levantaram contra esses crimes hediondos.
Diante do exposto, conclamamos a todas e todos a apoiarem e se congratularem com os bispos dos nove países da Pan-Amazônia em sua iminente grande assembleia em prol da população desse território, com reflexos para toda a humanidade.
Que esse encontro seja o começo de um despertar dos povos do planeta para ações que tornem outro mundo possível, pautado na realização dos ensinos e obras de Jesus Cristo, nosso Senhor, guia, mestre e salvador.
Avante bispos, avante povo de Deus, mulheres e homens da Amazônia, para que se acelere a vinda do Reino de Deus e sua justiça.
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB
Centro de Estudos Bíblicos – CEBI Belém/PA
Igreja Presbiteriana Unida  da Amazônia – IPU
Associação de Ciências e Religiões – ACER
Grupo Metodistas Ecumênicos – GME
Movimento FOCOLARES
Igreja Católica Apostólica Romana – ICAR

domingo, 22 de setembro de 2019

Religiosos pedem liberdade e respeito em caminhada no Rio

Publicado em 15/09/2019 - 15:36
Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil

A Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa chegou hoje (15) à sua 12ª edição, reunindo na Praia de Copacabana representantes de todos os segmentos religiosos. Este ano, o evento contou com a participação de pastores afro-americanos da Igreja Luther King, de Atlanta, Estados Unidos, e de Arabá Agbaye Olu Isese de Ilè Ifè, considerado o sacerdote supremo de Ifá na Nigéria.
A caminhada é organizada pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) e levou a mensagem de “respeito à democracia, ao Estado laico, aos direitos humanos e às liberdades”. Segundo disse à Agência Brasil o babalaiô Ivanir dos Santos, presidente da CCIR e conselheiro do Ceap, o Brasil está vivendo um momento muito ruim, onde cresceu a intolerância religiosa, o racismo, a homofobia, “que são uma ameaça à diversidade”.
12ª Caminhada Nacional em Defesa da Liberdade Religiosa, na orla de Copacabana - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Essa é a maior mensagem do evento, que pretende levar às autoridades o pleito de que sejam tomadas medidas contra os ataques que os templos do candomblé sofrem nas comunidades carentes do estado e do país. “A nossa esperança também está nessa direção. E acordar a sociedade, que precisa se posicionar, dizer que não aceita isso, que está junto conosco em um momento como esse”.

Novo desenho
Ivanir dos Santos destacou que o evento deste domingo tem um desenho diferente dos anteriores porque “a maçonaria se mobilizou, os escoteiros estão trazendo uma delegação grande”. Além disso, as escolas de samba Estação Primeira de Mangueira e Grande Rio também têm representantes, uma vez que o enredo das duas gremiações tem a ver com intolerância. “Todo mundo envolvido”.
Também aderiram setores populares, como a cultura. Outra novidade deste ano foi que adeptos do candomblé usaram cocares de penas na abertura da caminhada, remetendo aos animais da Amazônia que devem ser preservados. “Porque, para nós, a natureza é sagrada. Somos religiões que reverenciamos a natureza”, disse o babalaiô.

União
Na avaliação de Patricia Carvalho, da organização budista Brahma Kumaris, a principal lição que a caminhada dá é mostrar, por meio de ações concretas, que é necessário ir além das diferenças e eleger e trabalhar por aquilo que todas as religiões têm em comum, que são os valores humanos, entre os quais a paz, a liberdade e a união. “Porque afinal de contas, a religião, na prática, é isso. É ir além dos dogmas, da filosofia, das diferenças, e juntar as mãos e trabalhar por aquilo que todos nós temos em comum”.
O pastor evangélico Vitor Louredo, da Igreja GAE – Missões, observou que o país está vivendo um momento crítico em relação à intolerância religiosa, principalmente contra as religiões de matriz africana, que vêm sofrendo ataques. “É importante essa luta para que o respeito e o amor prevaleçam na sociedade, que é o que tem faltado”. De acordo com Louredo, tem muita onda de intolerância vinda de evangélicos.
Por isso, afirmou que sua participação é também para mostrar que nem todos os evangélicos abraçam esses ataques. “Muitos evangélicos ainda estão lutando pelo amor, pelo respeito; são contra essa onda. Acho que o Estado laico e o direito religioso não são só para o outro. São para mim também. Ao mesmo tempo que eu não gostaria de ser perseguido, também não quero que outros sejam perseguidos”. Deixou claro que o seu direito termina quando começa o direito do outro. “Não posso querer só liberdade para mim e não querer do outro; querer só privilégios, porque eu não gostaria que fosse o contrário”.
12ª Caminhada Nacional em Defesa da Liberdade Religiosa, na orla de Copacabana - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Todos iguais
Uma das faixas carregadas pelos religiosos deixava bem claro: “Somos todos iguais perante Cristo”. O diácono Nelson Águia levou a mensagem do cardeal do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, para a caminhada, cuja importância disse ser muito grande. “Porque hoje nós temos, mais do que nunca, no passado, agora, no presente, nós temos que nos respeitar. Cada um tem o direito de seguir a religião que quer, do modo que quer e se relacionar com Deus como quer. Deus é Deus e se manifesta da maneira que quer, onde ele quer e com quem ele quer”.
O diácono da Igreja Católica destacou que nenhuma religião é proprietária de Deus. “Ele é compartilhado por todos”. Recomendou que se deve ver sempre o que o outro tem de bom, e não aquilo que tem de ruim. “Nós temos que construir pontes e não elevar barreiras. É importante que essa manifestação hoje aqui possa mostrar à sociedade o que as religiões pensam e que querem caminhar juntas. Nós queremos respeito por parte da sociedade, por parte da política, por parte do governo, do Estado. Nós queremos respeitar e sermos respeitados”, disse.
Na avaliação da pastora da igreja luterana Luzmarina Garcia, a importância dessa caminhada é enorme. “Porque, na verdade, nós estamos vivendo uma situação de tanta violência religiosa que precisamos dar um testemunho positivo de que é possível conviver, é possível se respeitar e entender que as diferenças fazem parte de uma sociedade democrática e que tem muitas religiões, como a sociedade brasileira”. Luzmarina considerou que o evento dá o testemunho positivo de que, todo mundo junto, se faz uma sociedade melhor.
12ª Caminhada Nacional em Defesa da Liberdade Religiosa, na orla de Copacabana - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Unidade na Diversidade: pastora Romi Bencke

 
Romi Márcia Bencke nasceu com uma vocação. A menina gaúcha descendente de alemães já sabia que em seu futuro a religião ocuparia um papel maior do que o representado pelas idas aos cultos da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Igreja esta que, como a família de Romi, veio ao Brasil por meio da migração alemã e se estabeleceu no sul do país.
 
Quando pequena, Romi certa vez perguntou ao pastor se mulheres também poderiam ser pastoras. Ao ouvir uma resposta afirmativa, ela decidiu: “então é isso que eu vou ser”. Aos 14 anos, Romi foi estudar em um internato da igreja em Ivoti, Rio Grande do Sul, para seguir o sonho que não era mais apenas dela, e sim de toda a comunidade que a abraçou. Lá, fez o curso de tradução, intérprete e pré-teológico, que era uma preparação para a faculdade de teologia. Ao terminar o curso, no entanto, mudou de planos e resolveu voltar para casa. “Eu decidi que eu não tinha maturidade, não me sentia preparada para ir para a teologia, aí eu voltei para casa, frustrando minha família e também a comunidade de fé”, diz.
 
Depois de pouco mais de dois anos trabalhando como professora em um colégio, sua vocação voltou a chamá-la e ela decidiu finalmente cursar teologia. Na Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, Romi entrou em contato não apenas com o estudo das diferentes religiões, mas com o papel social exercido por elas e pelas igrejas.
 
A partir do contato com a teologia da libertação, ela começou a se envolver em ações sociais e usou sua vocação para um propósito ainda maior: a defesa dos direitos humanos. O lema “unidade na diversidade”, repetido sempre que possível, não é apenas uma frase de efeito, mas um guia para sua atuação em um meio que, talvez contraditoriamente, é muitas vezes marcado por conflitos.
 
Na faculdade, no início dos anos 1990, Romi e seus colegas colocaram em prática a ideia de ação social e criaram um grupo de apoio às pessoas soropositivas da cidade de São Leopoldo. Na época, as informações sobre o HIV e a aids ainda eram muito incipientes no Brasil e, por isso, conta ela, “na igreja, o pessoal ficou maluco, porque é óbvio que tinha muito preconceito. Quando ficaram sabendo que tinha estudantes de teologia fazendo esse tipo de intervenção, teve muita reclamação, mas a gente encarou a briga”. A experiência que marcou sua vida também a apresentou a outras realidades como a das trabalhadoras do sexo e a discussão sobre sexualidade, que naquela época ainda era muito limitada.
 
Depois de formada, Romi estudou e trabalhou com o ecumenismo, tentando encontrar formas de unir as diferentes religiões em prol de um bem comum. Unidade na diversidade. Por sete anos, a questão ecumênica foi tratada diretamente com a comunidade por meio de sua atuação como pastora da igreja luterana em uma paróquia no interior do Rio Grande do Sul, até que ela foi escolhida a primeira mulher a assumir a Secretaria-Geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).
 
Talvez ela não soubesse, mas a pergunta que fez ao pastor quando jovem já demonstrava que ela possuía também uma outra vocação: a luta pelos direitos das mulheres. Romi não permitiu que o fato de ser mulher se colocasse como um empecilho para se tornar pastora ou atrapalhasse seu trabalho a favor de uma religiosidade mais tolerante.
 
A formação feminista faz com que hoje ela critique os valores patriarcais presentes nas relações de poder na sociedade brasileira e defenda discussões de gênero tanto nas escolas quanto nas igrejas. “As mulheres têm a sua dignidade, têm os seus direitos, e grupo religioso nenhum, seja ele qual for, pode negar a dignidade, a autonomia e o acesso aos direitos das mulheres”, defende.
 
Atualmente, são duas as linhas de atuação do CONIC: a promoção da vivência da comunhão e da espiritualidade ecumênica e inter-religiosa e a presença pública em diálogos sobre valores que fundamentam a perspectiva de equidade.
 
Romi ressalta que o primeiro ponto é fundamental porque hoje em dia vivemos em um contexto de muito fundamentalismo religioso, e a perspectiva ecumênica é necessária para que se difunda a ideia de que “religião não é para promover o ódio, nem pra dividir”. “A religião pode fortalecer valores que priorizem a construção de uma cultura de paz, de tolerância, de menos ódio, de mais aceitação mútua e assim por diante”, explica a pastora.
 
Diversidade
 
Mas o segundo pilar ganha destaque porque foi principalmente em função dele que o CONIC começou a atuar na questão da migração. Com o intenso fluxo de migrantes haitianos vindo para o Brasil a partir de 2010, o Conselho decidiu que era importante seu envolvimento no assunto, uma vez que esse é um tema tão caro às igrejas cristãs, já que se mistura até mesmo com a história de Jesus.
 
Em 2015, surgiu um projeto-piloto intitulado “Imigrantes e Refugiados: Desafios da Casa Comum”, no qual, mais uma vez, foi necessário olhar para dentro, para a religião em si. Em vez de oferecer assistência às pessoas que chegavam aqui – por considerar que o CONIC não tem o conhecimento necessário –, o Conselho escolheu trabalhar a aceitação e o acolhimento dos migrantes com comunidades religiosas para lutar contra o preconceito.
 
“Com isso, a gente colocou outros pontos que o tema da migração e do refúgio trazem. Por exemplo, a interculturalidade, a xenofobia, a inter-religiosidade, porque cada migrante vem com a sua experiência religiosa ou não, então a gente precisa trabalhar essa diversidade”, conta Romi. O projeto, no entanto, enfrentou dificuldades quando se deparou com casos de xenofobia dentro da própria comunidade. “A gente fez uma primeira experiência que durou um ano, e essa experiência contribuiu para comprovar a nossa suspeita, ou seja, o quão difícil é levar o tema da migração e do refúgio para dentro das igrejas”. “Por que é difícil?”, ela mesma pergunta. E responde: “porque as igrejas são muito autocentradas, então quando têm que se abrir para um trabalho externo, diferente daquilo que estão acostumadas a fazer, elas encontram resistência”.
 
Abrir as igrejas para a diversidade é a missão de Romi. Nessa tarefa árdua de lutar por um país mais diverso e, ainda assim, mais unido, sobram parceiros, que vão das próprias igrejas até o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), passando por várias outras iniciativas. “E por aí a gente vai, fazendo caminho ao andar”, resume Romi.
 
Fonte: Sur.Conectas
(Revista Internacional de Direitos Humanos)
Foto: Acervo pessoal

Intolerância: mulher dá golpes de marreta em estátua de Iemanjá

Polícia está investigando o caso de intolerância religiosa contra imagem de Iemanjá
Reprodução/Youtube

A Polícia Civil de Santa Catarina abriu investigação para apurar um caso de intolerância religiosa em que uma mulher atacou uma estátua de Iemanjá localizada em Florianópolis (SC) com uma marreta na última quarta-feira (17). A Sociedade Ylê de Xangô, responsável pela imagem, disse que não tem como custear a reparação após os danos causados pela mulher, que deu marretadas na figura.

“Ainda falta reunir o pessoal do Ylê, porque a gente não tem o recurso financeiro para fazer a restauração. Tem bastante gente pelas redes sociais que está manifestando interesse em ajudar”, contou Marlus Henrique Tanner, filho do Babalorixá Tacques, líder da Sociedade, ao portal NSC Total.

Apesar de não conseguir derrubar a estátua, a mulher quebrou parte da base e provocou alguns danos na imagem em si – como a mão de Iemanjá. Segundo a polícia, a responsável pelo ataque , flagrada em vídeo feito por morador, não foi identificada.

A estátua está no local desde 2013 e o ponto em que ela se localiza é reconhecido pela Prefeitura e pela Câmara de Vereadores como “Recanto de Iemanjá”. Muitos turistas passam na região para tirar fotos.

Fonte: Fórum

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Quilombola recebe ameaça de morte no agreste de Pernambuco

Um dos principais líderes quilombolas de Pernambuco e presidente da associação da comunidade quilombola de Castainho, no agreste do estado, José Carlos Lopes, 63, sofreu nova ameaça de morte em decorrência de sua atuação frente à associação da comunidade e à luta em defesa de seu território. A ameaça ocorreu no último domingo, dia 15/09/19, quando testemunhas receberam o recado de que iriam tirar a vida do quilombola, havendo inclusive comprado toucas ninjas para executar a ação.
 O quilombola já registrou Boletim de Ocorrência na delegacia de Garanhuns e espera que investigações sejam realizadas e medidas emergenciais sejam tomadas com o intuito de impedir novas situações de violência. Já há vários anos, José Carlos Lopes vem sendo vítima de ameaças de mortes, que a despeito de serem proferidas por diferentes atores, ocorrem todas em decorrência de sua atuação, enquanto presidente da associação, em defesa do território quilombola de Castainho.
 O quilombola vive sob a proteção do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos do estado há aproximadamente cinco anos.  Por orientação do Programa, em 2014, José Carlos precisou se afastar por cerca de três meses da comunidade onde nasceu e se criou, devido às fortes ameaças de morte que vinha sofrendo.
 Comunidade Quilombola de Castainho: Uma história a contar - A Comunidade Quilombola de Castainho há décadas tornou-se um exemplo de luta pela efetivação dos direitos e pela demarcação dos territórios quilombolas no estado e no país. O quilombo ficou nacionalmente conhecido por ser a primeira comunidade pernambucana a receber o título da Fundação Palmares, em maio de 1997, após vários anos de luta das famílias. Castainho, juntamente com a comunidade de Conceição das Crioulas, também foi a primeira a passar pelo processo de demarcação territorial no estado. O exemplo da luta de Castainho repercutiu e inspirou outras comunidades do entorno a lutarem pelo reconhecimento da identidade quilombola e pela demarcação de seus territórios.

CEDENPA E GEAM CONVIDAM PROFESSORES E PROFESSORAS PARA A RODA

Visita ao Terreiro Nangetu
A roda, o círculo, é lugar de igualdade, de se olhar de frente, um valor civilizatório das africanidades presente na roda de capoeira, na roda de samba, na gira do terreiro, na ciranda das crianças... 

O Grupo de Estudos Afro- Amazônicos (GEAM) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA) promoveram o Encontro Estadual de Professores do Pará: os desafios da educação étnico-racial, de 13 a 15 de setembro de 2019, em Belém. Desta forma, garantiram um espaço importante para (re)articulação de educadores e educadoras para a implementação da Lei 10.639, que institui o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas.
O encontro foi proposto como ação organizativa do “Projeto de Extensão Universitária Educação, Negritude e Resistência”, tendo como um dos objetivos criar uma Rede de Professores/as que trabalham a temática das relações Étnico-Raciais em distintos municípios paraenses.
No dia 13 de setembro, a conferência de abertura foi ministrada pelo Prof. Msc. Billy Malachias do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), que explanou sobre a importância de criação de conteúdos e materiais para a diversidade. Posteriormente, foi promovida a mesa-redonda intitulada "Cenários da educação para as relações étnico-raciais na Amazônia", composta pela Profa. Dra. Zélia Amador de Deus (UFPA e CEDENPA), Profa. Esp. Helena do Socorro Campos da Rocha (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros - NEAB/IFPA) e Profa. Esp. Kátia Simone Alves de Araújo (Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial - COIPIR/SEDUC), que apresentou experiências exitosas de projetos pedagógicos de combate ao racismo, enfatizando a importância da implementação da Lei 10.639/2003, que Alterou a LDB, tornando obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, e que foi alterada pela Lei 11.645/2008, acrescentando a questão indígena. A mesa também apontou desafios para a implementação da legislação educacional antirracista, destacando-se: forte cultura racista presente no cotidiano das escolas e da sociedade, falta de interesse de gestores para a importância e emergência do tema e carência de qualificação de profissionais da educação para inserção de projetos na área.
Entre as oficinas optativas, a de "Educação, Africanidades e Novas Tecnologias", com o Prof. Guinê Ribeiro, abordou as estratégias de uso das tecnologias computacionais para a geração de articulação do movimento negro e de disseminação de valores civilizatórios africanos. E a oficina de "Religiões de Matrizes Africanas no contexto escolar", com o Prof. Msc. Rodrigo dos Santos, que ministra a disciplina Ensino Religioso na Rede Pública de Educação, elaborou um balanço do racismo religioso que persegue as religiões de matrizes africanas e apresentou propostas de como se trabalhar em sala de aula com respeito às religiões afro-brasileiras, garantindo os conhecimentos necessários para responder ao que pede a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

No dia 14 de setembro, o evento promoveu a mesa-redonda “As religiosidades de matrizes africanas na Amazônia”, oportunidade que o sacerdote Baba Edson Catendê e as sacerdotisas Mametu Nangetu Nzambe e Mametu Muagile expuseram as modalidades de expressões de suas crenças e fé, enfatizando que o universidade das religiões de matrizes africanas é muito diverso. O maior problema enfrentado é a persistência do racismo religioso e da demonização de seus cultos. Os debates desta mesa merecem ser destacados pelos pronunciamentos de muitos dos professores/as que revelaram que ainda não haviam percebido a importância de sua atuação para o enfrentamento da intolerância religiosa e pelo comprometimento assumido para a promoção da diversidade.
Em seguida, iniciaram-se as apresentações da mesa “Educação, Gênero e Diversidades” composta pela Profa. Dra. Dalva Santos, educadora popular Fátima Matos e Profa. Dra. Mônica Conrado. Nesta discussão, veio à tona a questão de o problema da segregação social no Brasil relaciona racismo e sexismo, que atinge negativamente as mulheres, afetando com mais gravidade as mulheres negras. A organização também promoveu vários "relatos de experiências no âmbito da educação para as relações étnico-raciais" por etapas e modalidades da Educação Básica.

No dia 15 de setembro, no encerramento, foi realizada visita técnica no Terreiro Mansu Nangetu - Mansubando Kekê Neta, espaço sagrado de manutenção e preservação das manifestações afro-religiosas de origem Bantu, na cidade de Belém, na Tv. Pirajá, 1194, bairro do Marco da Légua, em Belém. Em metodologia “roda de conversa”, foi apresentado como funciona um terreiro, os seus valores éticos abordados nos discursos e em reuniões, a prática do comunitarismo e a luta contra a permanente campanha de perseguição que sofrem das religiões majoritárias.
No final, o encontro estadual foi avaliado como muito positivo pelos/as participantes. Houve um compromisso de buscar ao máximo, em cada espaço de ação pedagógica, desenvolver atividades que contribuam para a visibilidade e implementação da Lei 10.639, não somente no dia da Consciência Negra (21 de Novembro). Também foi manifestada preocupação com a falta de nomeação da Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial (COIPIR/SEDUC). Por fim, criou-se uma Frente de Professores/as Contra o Racismo.

Por: Profa. Giovana dos Anjos Ferreira Vilhena e Prof. Tony W. da Silva Vilhena

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Professores e professoras e os desafios da educação étnico-racial




 
 
 
 
O Encontro de professoras e professores terá como temas centrais os desafios da implementação da Lei 10639/03 e as relações étnico-raciais e visa aglutinar, mobilizar professores (as) de distintas regiões do Pará, para tratar de ações do enfrentamento ao racismo no ambiente escolar, assim como criar uma rede estadual de professoras (es) para articular ações para trabalhar mais efetivamente e Lei 10639/03.

O evento será realizado nos dias 13,14 e 15 de setembro de 2019
Local: auditório do IFPA, na Almirante Barroso, 1155, Marco, Belém- PA
Horário: 9h às 17h
Os professores da rede estadual serão autorizados a participar através de inscrição neste link.

Mais nformações: projetoeducacaoenegritude@gmail.com ou pelo telefone (Whatsapp) 91 98065-3453.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Babalaô Ivanir dos Santos recebe prêmio internacional por luta contra a intolerância religiosa

Ivanir dos Santos - foto de Brunno Rodrigues

Professor e doutor Babalaô Ivanir dos Santos recebe prêmio em Washington

O prêmio International Religious Freedom (IRF) será entregue pelo State Department’s Office of International Religious Freedom. 


Em sua primeira edição, o prêmio destacou quatro pessoas, selecionadas em todo o mundo. A principal missão do referido departamento é “monitorar as perseguições religiosas e a discriminação em todo o mundo,  com o intuito de implementar políticas nas respectivas regiões ou países e desenvolver programas para promover a liberdade religiosa”, além de destacar ativistas que lutam incansavelmente pela causa, como é o caso de Ivanir dos Santos, que é interlocutor da CCIR – Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. 
Prof e Dr. pela UFRJ, Ivanir traz um legado de mais de 40 anos de muitas batalhas. Figura ímpar no cenário nacional, vem há anos no combate ao racismo e principalmente a luta contra à intolerância religiosa. Mas além de reivindicar, vem buscando diálogos com grupos de estudos e pesquisas em âmbitos internacionais, o professor Ivanir vem construindo e fomentando ações para o fortalecimento dos laços entre os intelectuais afro-brasileiros, afro-americanos e africanos. Além de destacar ativistas que lutam incansavelmente pelas liberdades, contra o racismo e em prol dos direitos humanos. 
Foi interno da Funabem, seguiu o caminho inverso das estatísticas, ao se tornar uma referência no Rio. De sacerdote (há 24 ano) à academia (desde 2015 – UFRJ), conta com um séquito de religiosos (diversos seguimentos), alunos e pessoas influentes. Sua tese, intitulada  “Marchar não é Caminhar: Interfaces Políticas e Sociais das Religiões de Matrizes Africanas no Rio de Janeiro contra os processos de Intolerância Religiosa (1950-2008)”, busca fazer um análise histórica do desenvolvimento e crescimento da intolerância religiosa no Brasil, que é fomentada desde o período colonial até os dias atuais,  evidenciando e pontuando processos de resistências das religiões de matrizes africanas frente à intolerância religiosa e demonização de suas culturas e tradições, mostrando também e identificando os diversos momentos e que o Estado age de forma repressiva.
A pesquisa, que também apresenta um balanço social e político dessas ações repressoras, também faz um alerta sobre os riscos que corremos quando o Estado, que constitucionalmente é declarado laico, ajuda a promover ações anti-democráticas voltadas exclusivamente para um único grupo religioso em detrimento de outros. A pesquisa, é fruto dos das ações e pesquisas realizadas no combate à intolerância religiosa. Ações essas, que vem desenvolvendo à frente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) – atuando como interlocutor, bem como na realização da Caminha em Defesa da Liberdade Religiosa, em 2017, onde se prepara para realizar a 12ª edição, que tem com meta, levar mais de 100 mil pessoas à Copacabana, juntas em prol do diálogo inter-religioso e da tolerância religiosa no país. 
Citando algumas prêmios nos últimos anos. Com suas ações, criou jurisprudência sobre a Lei nº. 7.716, que transformou o racismo em crime inafiançável e imprescritível. Por sua luta contra o racismo, a xenofobia e a intolerância, recebeu, em 1997, da Federação Israelita do Rio de Janeiro, o Prêmio Adolpho Bloch. Em dezembro de 1999, Dia Internacional dos Direitos Humanos, foi agraciado com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, conferido por uma comissão da sociedade civil e membros do governo, entregue a Ivanir dos Santos pelo presidente da República. Recebeu Prêmio Direitos Humanos 2014 (em sua 20ª edição). Com mais esse prêmio, essa é a prova que ele tem voz e agora em nível internacional.

Encontro de Pesquisa em Comunicação na Amazônia - Epca 2019


Encontro de Pesquisa em Comunicação na Amazônia - Epca 2019
20, 21 e 22 de novembro de 2019
UFPA - Belém/PA
 
“Comunicação e resistências: ameaças à democracia, lutas por reconhecimento e políticas do cotidiano”, quer evidenciar a necessidade de um posicionamento político da ciência ao atual cenário, abrindo espaço para críticas e reflexões em torno do caráter central da comunicação nas relações sociais e sua relevância nos processos de emancipação, nas relações de poder, de dominação e nas práticas de resistência contemporâneas.
Também quer demarcar a peculiaridade da produção de conhecimento na Amazônia, trazendo à tona agentes e grupos da região que em suas diversas formas de atuação na sociedade se propõem a construir alternativas para enfrentar e superar o atual projeto de poder.

Saiba mais no sítio do evento: https://epcamazonia.com.br/