Segundo a decisão, a denominação foi considerada uma "organização
extremista", que agora terá de entregar todas as suas propriedades para o
Estado - são pelo menos 395 templos espalhados pelo território russo.
Qualquer tipo de prática da religião a partir de agora também será criminalizada.
O procurador de Justiça Svetlana Borisova, um dos autores da ação,
disse à agência de notícias Interfazas que as Testemunhas de Jeová
representam "uma ameaça aos direitos dos cidadãos, à ordem pública e à
segurança pública".
Borisova também afirmou que a oposição dos
adeptos dessa religião a se submeterem a transfusões de sangue viola as
leis russas de saúde.
Representantes das Testemunhas de Jeová já disseram que tentarão apelar da decisão junto à Corte Europeia dos Direitos Humanos.
A
religião foi fundada nos Estados Unidos no fim do século 19 e, durante o
regime de Josef Stálin na União Soviética, foi proibida por lá -
milhares de seguidores acabaram enviados para a Sibéria à época.
Seus
integrantes são conhecidos por sua pregação de porta em porta e pela
rejeição ao serviço militar e a transfusões de sangue.
Briga na Justiça
Quando o caso
começou a ser julgado, na quarta-feira, advogados que representavam o
movimento apresentaram um recurso argumentando que os seguidores da
religião eram vítimas de repressão política e que a ação da Procuradoria
era "ilegal".
O procurador de Justiça afirmou, por sua vez, que
as atividades das Testemunhas de Jeová violavam "a lei russa de combate
ao extremismo" e que seus panfletos incitavam o ódio contra outros
grupos.
Um deles, segundo a correspondente da BBC Sarah Rainsford, citava o
romancista Leon Tolstói ao descrever a doutrina da Igreja Ortodoxa Russa
como superstição e feitiçaria.
Já Yaroslav Sivulsky,
representante das Testemunhas de Jeová, respondeu que o movimento não
tem nada relacionado ao extremismo e disse que, em todos os casos que
foram parar na Justiça, seus argumentos nunca foram ouvidos.
"Eu jamais pensaria que isso seria possível na Rússia moderna, onde a Constituição garante liberdade de prática religiosa."
Estima-se que 175 mil pessoas sigam a religião agora proibida no país.
Segunda proibição
O
regime de Stálin baniu não só as Testemunhas de Jeová, mas também
outras religiões cristãs. A proibição só foi revogada pela Rússia em
1991.
Nos últimos anos, porém, o governo foi endurecendo suas
atitudes em relação ao movimento, Em 2004, um grupo foi banido após
acusações que envolviam recrutar crianças e proibir fiéis de aceitar
assistência médica.
Segundo o grupo de direitos humanos Sova, uma
"campanha oficial repressiva" tem sido conduzida contra a religião há
anos, e muitos de seus membros teriam sido atacados fisicamente.
Fonte: BBC
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