A Senso é uma revista bimestral voltada à temática do senso religioso contemporâneo sob o olhar de múltiplas áreas do saber, tendo como referência fundamental as Ciências da Religião, com o intuito de trazer ao público um debate de alto nível e que ajude as pessoas a compreender as diversas formas de crer e não crer e, dessa forma, construir pontes de diálogo, superação de intolerâncias e construção de uma cultura de paz.
A Senso é uma revista colaborativa e de acesso gratuito. É construída por intelectuais que não se prendem nos gabinetes e falam da realidade como se estivessem fora dela. As colaboradoras e colaboradores, além de sólida formação acadêmica, nas melhores universidades do país, são também pessoas que militam em torno das causas da diversidade religiosa, estado laico, superação das intolerâncias e direitos humanos.
Ela quer trazer ao público os grandes debates em torno das religiões e das culturas, sem, no entanto, usar de linguagem altamente especializada.
A cada número, traremos aos nossos leitores um debate amplo sobre temáticas culturais ligadas às religiões, de maneira a ajudar as pessoas a compreenderem as diversas formas de ser e significar a vida humana.
Nossa linguagem visual quer auxiliar o leitor a imergir nas diversas culturas e, assim, fazer, também ,uma experiência estética das diversas religiosidades e sensos religiosos da atualidade.
A senso quer sair do lugar comum que apenas afirma que religião não se discute, para visibilizar que as formas de crer e não crer são muito diversas. Queremos promover diálogos e encontros, diferentemente dos atuais meios de comunicação que abordam religiões de maneira simplista, pouco contribuindo para o reconhecimento dos diversos sensos religiosos.
Sair do senso comum para compreender o senso religioso: essa é nossa missão.
Tabata Tesser e Angelica Tostes, para Carta Capital, preparam lista imperdível de mulheres que são referências, vozes de fé e resistência contra as opressões de gênero e as injustiças sociais.
A intensa visibilidade de grupos evangélicos no Brasil do tempo presente, especialmente neste 2019 em que ocupam espaços no governo federal, tem causado incômodo em vários grupos pertencentes ao próprio segmento religioso.
Quem está em evidência é fonte de várias controvérsias: cruzadas religiosas com fixação na moralidade sexual conservadora, lideranças agressivas, promotoras de intolerância, práticas políticas reacionárias, fisiológicas e corporativistas, ocupantes de cargos públicos que não só demonstram limitações e despreparo, mas ganham destaque por declarações que são disparates incompatíveis com a função assumida.
Grupos evangélicos que não compactuam com tais posturas se indignam e sentem-se injustiçados com a imagem negativa construída predominante em torno deste segmento religioso.
Questiona-se a homogeneização no tratamento do grupo como “os” evangélicos. Discute-se ainda o porquê das alternativas a este tipo de visão religiosa serem invisibilizadas e silenciadas nos espaços públicos.
Um dos caminhos para a superação desta questão é um mergulho na memória. Ela é capaz de ressuscitar esperanças mortas e subverter o caos, dizia o teólogo de origem presbiteriana Rubem Alves.
Erasmo Braga, um pioneiro
Podemos começar com a evocação da Avenida Erasmo Braga, um espaço importante do centro da cidade do Rio de Janeiro, que tem o nome de um líder evangélico.
Nascido em 1877 e criado na Igreja Presbiteriana, Erasmo Braga decidiu estudar Teologia aos 16 anos. Tornou-se pastor e professor. Imerso em causas sociais, cobriu lacunas no ensino primário e no secundário com aulas de Química, História e Música. Atuava como jornalista e ajudou a fundar, em 1899, a Academia Paulista de Letras.
Em 1903, Braga associou-se na criação da Sociedade Científica de São Paulo. Nos anos 1910, produziu a obra que lhe trouxe notoriedade no País: o famoso conjunto de livros para as quartas séries primárias, intitulados “Série Braga”. Em 1930, o pastor participou da comissão que assessorou o governo brasileiro na reforma educacional. Seu nome foi dado a escolas e institutos culturais espalhados pelo Brasil.
Educação sem discriminação
Sim, os evangélicos tiveram e ainda têm um papel destacado no processo educacional brasileiro. Presbiterianos, batistas e metodistas, com as escolas que fundaram na passagem do século XIX para o XX, introduziram no Brasil a coeducação, contra a tradição de separação rigorosa de sexos nas aulas.
E mais: o valor da educação do sexo feminino, em contraposição ao preconceito à formação das mulheres, a inovação de currículos, com ênfase na dimensão científica, contra a falta de experimentação em laboratórios dos currículos clássicos, o princípio de liberdade de religião nas escolas e contra a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas, a compreensão e a ternura nas relações entre professores-alunos, contra o autoritarismo da educação tradicionalista.
Com este projeto educacional, os colégios e universidades evangélicas atraíram as classes alta e média do País. A população empobrecida era atendida nas escolas paroquiais.
Nada relacionado ao que evangélicos em evidência no atual governo declaram projetar para a educação no País hoje. Um retrocesso incompatível com a memória da presença evangélica na educação.
Braga ganhou reconhecimento por ir ainda além. Ele tinha consciência de que tanto o individualismo quanto o sectarismo, marcas da maioria das igrejas brasileiras, são um problema para a relação com a sociedade.
Ele condenava o “eclesiocentrismo” (colocar as igrejas como a razão de ser da fé), que leva ao isolamento da religião. Conclamou as igrejas para superarem isto, relacionando-se entre si e com a sociedade, por meio da prestação de serviços às comunidades, como um testemunho de Cristo.
CEB
Foi nesta perspectiva que Braga, a partir de várias iniciativas de unidade e cooperação, idealizou a criação da Confederação Evangélica do Brasil. Sua morte prematura, aos 55 anos, em 1932, não lhe permitiu presenciar a fundação dela, em 1934.
A CEB tornou-se a principal organização dos evangélicos brasileiros por várias décadas, com desenvolvimento de projetos em várias áreas da vida interna das igrejas e da vida pública do País. A sede foi estabelecida na avenida que ganhou o nome de Erasmo Braga, no nº 277, 5º andar.
A história da CEB foi brutalmente interrompida com a perseguição aos grupos ecumênicos imposta pela ditadura.
Braga tornou-se um dos mais destacados líderes evangélicos do seu tempo, por sua capacidade de dialogar e respeitar as diferenças.
Júlio Andrade Ferreira, autor de sua biografia, escreveu que Braga viveu uma “era caótica” marcada por problemas de ordem teológica, intelectual e política e, por isto, sua vida “deveria ser uma inspiração”.
E ela o tem sido para muitas lideranças evangélicas espalhadas Brasil afora, que não têm visibilidade midiática ou evidência na política. Não cabem neste parágrafo final os tantos nomes dos “Erasmo Braga” de hoje.
É gente que continua no propósito de superar o eclesiocentrismo e tornar relevante a religião que serve, dialoga e respeita as diferenças em busca de justiça e paz. Sim, estes evangélicos existem, é só não procurar nos programas de tevê ou no governo federal.
Como as seitas e cultos sinistros se infiltraram novamente na cultura pop!
POR GUS FIAUX → Você já deve ter percebido que, nos últimos anos, um tema bem curioso voltou com tudo para os cinemas – especialmente se é fã de filmes de terror. Longas como Hereditário, Mandy, O Convite, A Casa do Diabo e Kill List têm todos algo em comum: a presença de seitas e cultos religiosos sombrios.
Mas por que diabos esse tema está tão presente no cinema atual?
Não é de hoje que vemos a premissa de uma seita bizarra sendo incorporada a filmes de terror. Vale lembrar que os melhores exemplares do gênero são filmes que, de certa forma, dissecam os principais medos da natureza humana, não apenas para assustar o público, mas também para fazê-lo refletir.
Com isso em mente, o horror se tornou um grande espaço para discutir os males que assolam a humanidade, de uma forma a despertar sensações inconscientes e puras, como o medo, o pânico e, como de costume, o susto.
O culto ao demônio Paimon, em Hereditário.
Quando falamos de seitas, o principal mal a ser dissecado aqui é a manipulação e a alienação. Não há nada mais assustador que uma massa acéfala que tem um único propósito em mente, e está disposto a matar e morrer por ela.
Mas o que isso se diferencia, por exemplo, de um grupo de pessoas que luta em prol de uma mesma causa justa, independente de sua natureza?
A grande diferença está na abordagem. Um culto não procura diálogo ou conversa. Em vez disso, joga-se a política do “nós contra eles”, criando uma sensação de isolamento e reconhecimento como se os internos fossem as únicas pessoas justas e conscientes. Os que são “de fora” não são passíveis de conversas ou conversão – eles devem apenas ser aniquilados.
O paganismo de O Homem de Palha.
Nos cinemas, temos um grande exemplar que funciona bem para exemplificar isso: O Homem de Palha, clássico britânico de 1973, sobre um policial que vai até uma ilha remota investigar o desaparecimento de uma menina. Lá, ele acaba se vendo preso às tradições pagãs do local, e acaba sucumbindo para uma seita que deseja sacrificá-lo como oferenda para uma divindade.
Esse é o mais típico caso registrado em filmes de terror que envolvem seitas: a demonização do paganismo. De certa forma, a cultura cristã-ocidental está tão enraizada no pensamento moderno que qualquer coisa que fuja disso deve ser visto como uma afronta e é digna dos piores vilões do horror – contudo, note como isso, por si só, forma uma sátira e uma auto-crítica aos cultos que propagam intolerância religiosa.
Investigando ainda mais as raízes do paganismo, temos uma outra seita que sempre está presente e que, quando revelada, sempre formam os principais vilões do horror: o satanismo, ou culto ao Diabo. Não há figura que mais carregue nas costas a representação do mal e da perdição quanto Lúcifer, e vários exemplares do cinema conseguem trazer isso muito bem.
Um exemplar típico – e outro clássico do cinema – é O Bebê de Rosemary, sobre uma mãe que lentamente se vê no meio de um culto para trazer à Terra o Anticristo.
O Bebê de Rosemary, sobre uma mulher vítima de uma seita satanista.
Curiosamente, vale ressaltar que o diretor do filme, Roman Polanski, passou por maus bocados na época das filmagens – e tudo por conta de uma seita da vida real. O culto de Charles Manson brutalmente matou Sharon Tate, a esposa do diretor na época, como parte de um ritual. Esse caso gerou uma repercussão tão tenebrosa que, em breve, estará presente nas telonas no novo filme de Quentin Tarantino, intitulado Era Uma Vez em Hollywood.
Mas o caso Manson não teve consequências apenas a longo-prazo. O assassinato de Tate, junto com uma onda de cultos surgidos nos Estados Unidos nas décadas de 70 e 80 geraram o que ficou conhecido como “Pânico Satânico”.
Basicamente, esse era o nome dado à sensação de desconfiança dos norte-americanos com todos ao seu redor, sempre supondo que o vizinho estranho da esquina poderia ter um culto secreto, onde oferecia bebês não-batizados ao demônio.
E é claro que o cinema não ia deixar de se aproveitar disso. Vários filmes foram feitos expondo a temática. Um deles – e que recomendo fortemente – é A Casa do Diabo. Apesar de ser lançado em 2009, o longa recria elementos que fazem com que ele pareça um filme da década de 80, e aborda justamente essa temática.
No longa, uma mulher procura um emprego e é contratada para ser babá. No entanto, ao chegar na casa, ela descobre que vai cuidar de uma senhora idosa – e logo se assusta com seus empregadores, duas pessoas muito estranhas. Aos poucos, vamos descobrindo que tudo não passa de uma armadilha para oferecer um sacrifício a uma entidade diabólica.
Dos anos 90 aos 2000, isso acabou perdendo a força dentro do terror – principalmente porque outras convenções, como o found footage e as franquias de torture porn (alô Atividade Paranormal e Jogos Mortais) foram assumindo a liderança nas bilheterias.
Entretanto, nos últimos anos, notamos uma certa ressurgência frequente desses temas. Alguns dos meus exemplares favoritos são Kill List, Last Shift, The Void e o insano Mandy, que conta com uma das melhores atuações de Nicolas Cage.
No ano passado, também fomos obrigados a repensar nossa noção sobre cultos. Para ter alguns exemplares, tivemos O Ritual, O Culto e o excelente Hereditário. Aliás, o diretor deste último, Ari Aster, em breve lançará outro filme com uma temática similar, intitulado Midsommar – cujo trailer você confere a seguir:
Mas aliás, o que torna esses cultos tão presentes na atualidade?
Bem, se reforçarmos que esses filmes sempre possuem uma simbologia própria para desmascarar manipulação e alienação, a resposta vem de uma forma bem simples: a crise política da década.
O terror político de American Horror Story: Cult.
Independente de seu posicionamento político – afinal, este não é um texto acusatório para nenhum dos lados –, estamos vivendo uma grande instabilidade nessa área. De todos os lados (seja direita, esquerda, centro, cima ou baixo), vemos que a alienação tomou conta do povo, de forma que as relações humanas passaram a ser comprometidas em prol de uma mentalidade de colméia, que segue líderes falsos e os defende até a morte.
Um exemplar que sintetiza e solidifica muito bem esse sentimento é a sétima temporada da série American Horror Story, obviamente intitulada Cult. Tudo bem que a série sempre trabalhou com a ideia de cultos bizarros, mas ao adotar uma postura mais satírica e realista, o criador Ryan Murphy conseguiu estabelecer a noção de alienação política como um dos fatores apresentados em cultos e seitas religiosas.
Por mais que não seja minha temporada favorita da série – na verdade, está bem longe disso –, Cult consegue ser, ao mesmo tempo, caricata e realista ao apresentar o mundo político nos Estados Unidos pós-Trump. E não pense que só os republicanos são demonizados aqui, já que há uma trama bem interessante envolvendo uma personagem democrata que se junta à seita por razões que prefiro deixar de fora para evitar os spoilers.
Outra franquia que tentou fazer algo similar – e conseguiu, de certa forma – foi a série Uma Noite de Crime. Aos poucos, o que era apenas um filme bobinho de invasão domiciliar foi tomando uma proporção maior, trazendo comentários afiados a respeito da política como alienadora de uma massa de manobra.
Claro que alguns dos filmes aqui citados – como, por exemplo, Hereditário, fogem da temática política e sequer tomam o assunto por um viés metafórico, mas a grande parte do que temos visto ultimamente mostra essa preocupação em estabelecer os cultistas como alienados (sejam por parte de um político ou de uma entidade ancestral).
The Void, de 2016, consegue trabalhar bem a relação dos cultos Lovecraftianos.
Há muitos anos, H.P. Lovecraft demonstrava isso ao revelar os membros dos cultos cósmicos como pessoas puramente loucas. Atualmente, alguns filmes e séries também estipulam isso – e um exemplo é Bird Box. Independente se você gostou ou não do filme, basta notar como os “cultistas” da entidade amórfica se apresentam: como pessoas ensandecidas.
Ainda não sabemos se essa onda vai continuar por muito tempo – e o que ela tem a nos oferecer além de segredos obscuros e rituais brutais, mas certamente temos aqui uma nova tendência seguida nos filmes de terror – e eu diria que isso vai além deles, já que alguns exemplares de outros gêneros e formatos midiáticos também são voltados para essa exploração sobrenatural. Basta olhar ao redor e notar filmes e séries como O Mundo Sombrio de Sabrina, Martha Marcy May Marlene, O Mestre e até mesmo Unbreakable Kimmy Schmidt.
De um jeito ou de outro, podemos tirar um tempo para pensar sobre o que isso significa e como o horror molda nossos sentidos a respeito do mundo lá fora. Com sorte, o clima de instabilidade um dia vai passar – e aí, esperamos para ver o que o gênero vai acusar como o próximo grande mal da humanidade.
Abaixo, relembre alguns ótimos filmes sobre cultos sinistros:
De cultos satânicos a adoradores de entidades cósmicas!
Dentro do horror e do suspense, poucas coisas são mais assustadoras que cultos secretos e seitas bizarras. Grupos de pessoas alienadas com um único propósito sinistro, que podem realizar feitos macabros para manter o sigilo de sua comunidade ou então para que possam concluir as tarefas designadas por seus superiores.
Com isso em mente - e a chegada do mais recente suspense Apóstolo à Netflix - reunimos 10 filmes sobre seitas e cultos sinistros, para você que morre de medo de uma multidão conspirando em favor de alguma causa sádica e assustadora - sejam adoradores de Satã ou de criaturas ainda piores...
Saiba que alguns itens desta lista vão conter spoilers e outras informações importantes a respeito do plot dos filmes citados.
Créditos: Divulgação
Agora que a notícia acabou, aproveita para conferir o vídeo mais novo no nosso canal!
20 anos. Formado em Cinema e Audiovisual pela UFPE. Cineasta em desespero. Fã de quadrinhos e cultura pop. Para sempre revoltado com o Oscar roubado da Fernanda Montenegro. || @gus_fiaux
Pelo
terceiro ano consecutivo a nova onda feminista transnacional chamou um
dia de mobilização global no 8 de março: greves legais do trabalho
assalariado – como as 5 milhões de grevistas do 8 de março de 2018 na
Espanha e as centenas de milhares no mesmo ano na Argentina e na Itália;
greves protagonizadas pelas bases de mulheres sem direitos ou proteção
trabalhistas, greves do trabalho de cuidado e não pago; greves de
estudantes, mas também boicotes, marchas e trancamentos de vias. Pelo
terceiro ano consecutivo mulheres e pessoas queer por todo o mundo estão
se mobilizando contra os feminicídios e toda forma de violência de
gênero; pela autodeterminação de seus corpos e acesso ao aborto seguro e
legal; por igualdade salarial para trabalhos iguais; pela livre
sexualidade. Se mobilizam também contra os muros e fronteiras; o
encarceramento em massa; o racismo, a islamofobia e o anti-semitismo; a
desapropriação das terras de comunidades indígenas; a destruição de
ecossistemas e a mudança climática. Pelo terceiro ano consecutivo, o
movimento feminista está nos dando esperança e uma visão para um futuro
melhor em um mundo em desmoronamento. O novo movimento feminista
transnacional é moldado pelo sul, não só no sentido geográfico, mas
também no sentido político, e é nutrido por cada região em conflito.
Essa é a razão de ele ser anticolonial, antirracista e anticapitalista.
Estamos
vivendo um momento de crise geral. Essa crise não é de forma alguma
somente econômica; é também política e ecológica. O que está em jogo
nessa crise são nossos futuros e nossas vidas. Forças políticas
reacionárias estão crescendo e apresentando-se como uma solução a essa
crise. Dos EUA à Argentina, do Brasil à India, Itália e Polônia,
governos e partidos de extrema direita constroem muros e cercas, atacam
os direitos e liberdades LGBTQ+, negam às mulheres a autonomia de seu
próprio corpo e promovem a cultura do estupro, tudo em nome de um
retorno aos “valores tradicionais” e da promessa de proteger os
interesses das famílias de etnicidade majoritária. Suas respostas à
crise neoliberal não é resolver a raíz dos problemas, mas atacar os mais
oprimidos e explorados entre nós.
A
nova onda feminista é a linha de frente na defesa contra o
fortalecimento da extrema-direita. Hoje, as mulheres estão liderando a
resistência a governos reacionários em inúmeros países.
Em
setembro de 2018, o movimento “Ele Não” juntou milhões de mulheres que
se levantaram contra a candidatura de Jair Bolsonaro, que agora
tornou-se um símbolo mundial dos planos da extrema-direita para a
humanidade e o catalisador de forças reacionárias na América Latina. Os
protestos ocorreram em mais de trezentas cidades no Brasil e em todo o
mundo. Hoje, Bolsonaro está colocando em prática uma guerra contra os
pobres, as mulheres, as LGBTQ+ e as pessoas negras. Ele apresentou uma
reforma da previdência draconiana e afrouxou as leis de controle das
armas. Feminicídios estão disparando num país que já em 2018 tinha um
dos maiores números de feminicídios do mundo, sendo 70% dessas mulheres
assassinadas negras. 126 feminicídios já ocorreram em 2019. O movimento
feminista brasileiro está respondendo esses ataques e se preparando para
a mobilização no 8 de março e novamente no 14 de março, no aniversário
do assassinato político de Marielle Franco, ao mesmo tempo em que
emergem informações sobre os fortes laços entre os filhos de Bolsonaro e
um dos milicianos responsáveis por sua morte.
Da
mesma forma, o Non Una Meno na Itália é hoje o único movimento
organizado respondendo às políticas anti-imigrantes e misóginas do
governo de direita da Liga Norte e do Movimento Cinco Estrelas. Na
Argentina, mulheres lideraram a resistência contra as políticas
neoliberais de direita do governo Macri. E, no Chile, o movimento
feminista está lutando contra a criminalização da luta dos povos
indígenas e o machismo sistêmico de uma educação muito cara.
O
movimento feminista também está redescobrindo o significado da
solidariedade internacional e da iniciativa transnacional. Nos últimos
meses o movimento feminista argentino usou o evocativo nome de
“Internacional Feminista” para se referir à prática da solidariedade
internacional reinventada pela nova onda feminista, e em alguns países,
como a Itália, o movimento está discutindo a necessidades de encontros
transnacionais para melhor coordenar e compartilhar visões, análises e
experiências práticas.
Diante
da crise global de dimensões históricas, mulheres e pessoas LGBTQ+
estão encarando o desafio e preparando uma resposta global. Depois do
próximo 8 de março, chegou a hora de levar nosso movimento um passo
adiante e convocar reuniões internacionais e assembleias dos movimentos:
para tornar-se o freio de emergência capaz de deter o trem do
capitalismo global, que descamba a toda velocidade em direção à
barbárie, levando a bordo a humanidade e o planeta em que vivemos.
Tema:
História da educação na Amazônia colonial: instituições e práticas educativas
04 e
05 de Junho de 2019
Data para envio de trabalhos: 05/03 a 15/04/2019
1. NORMAS E INSTRUÇÕES PARA SUBMISSÃO DE TRABALHOS
1.1. Os trabalhos que serão apresentados no
IX Seminário do Grupo de Pesquisa
História da Educação na Amazônia deverão ter formato de resumos expandidos.
1.2 Podem
submeter resumos expandidos ao IX Seminário do Grupo de Pesquisa História da
Educação na Amazônia, professores da educação básica, do ensino superior e
discentes de graduação e pós-graduação.
1.3. Os resumos devem
estar vinculados a um dos seguintes eixos:
Eixo 1 - História das
instituições educativas na Amazônia;
Eixo 2 - História dos intelectuais e educação na Amazônia;
Eixo 3 - Interfaces entre educação e religiosidade na Amazônia;
Eixo 4 - Práticas de sociabilidade e educação não escolar na Amazônia.
1.4. O número máximo de
autores por comunicação é de três (3) pessoas. Cada autor pode apresentar dois
trabalhos, sendo um como autor e outro como co-autor.
2. ENVIO E FORMATAÇÃO DOS TRABALHOS
2.1. Os resumos devem
ser enviados para o endereço eletrônico: trabalhosseminariogheda@gmail.com (No título
do e-mail, deverá ser informado o eixo temático no qual o trabalho está
inserido);
2.2.
O resumo expandido deve ser redigido em documento no formato Word
(.doc)
e enviado em forma de anexo ao e-mail.
2.3.
O texto deverá ser organizado no formato para folha de papel A4 (210 x 297 mm),
com margem direita e superior 3 cm, e superior e
esquerda 2,5 cm;
2.4 O
resumo deve conter 03 (três) laudas, obedecendo à sequência: Título, Autor
(es), Resumo, Palavras-chave, Introdução, Metodologia, Resultados e Discussão,
Considerações Finais e Referências;
2.5.
O texto deverá ser escrito na fonte Arial, tamanho 12 para os títulos, 11 para
o texto, com espaçamento simples entre linhas e as páginas numeradas (no alto, à direita);
Observação:Não serão avaliados trabalhos que não atenderem aos critérios de
formatação, principalmente que excederem o limite de página.
3. RESULTADOS
3.1.
Os resumos serão submetidos à Comissão Científica do IX Seminário do Grupo de
Pesquisa História da Educação da Amazônia;
3.2.
A carta de aceite ou recusa será enviada ao mesmo e-mail usado na submissão do
resumo a partir do dia 30/04/2019.
4. APRESENTAÇÃO ORAL
4.1.
As apresentações orais serão limitadas em 15 minutos, sendo 10 minutos para a
apresentação e cinco minutos para questionamentos e comentários;
4.2.
Cada sessão oral terá um coordenador e um secretário para controle do tempo e
ordenamento das apresentações.
5. PUBLICAÇÃO
5.1.
A publicação, bem como a certificação, somente acontecerão mediante
apresentação de trabalho pelo participante no dia do evento;
Histórias, lendas e contos de uma
comunidade quilombola no município de Barcarena, no nordeste do Pará,
foram transformados em vídeos de animação no Trabalho de Conclusão de
Curso da professora Maria do Carmo Freitas, concluinte do curso de
Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA),
por meio do Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor).
A
família de Maria do Carmo é oriunda da comunidade quilombola Gibrié de
São Lourenço, na zona rural de Barcarena, onde ela atua como professora
da Educação Básica. Maria do Carmo conta que sempre teve a intenção de
trabalhar com a história e a cultura da comunidade.
"Estas narrativas, estas contações de
histórias que meu povo tem fazem parte da minha vida e do meu repertório
histórico e cultural, porque era uma cultura nossa sentar ao redor da
fogueira, enquanto os mais velhos contavam histórias à noite", diz a
professora.