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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Exposição 10 anos do Comitê Inter-religioso do Pará



Em maio deste ano, o Comitê Inter-religioso do Pará comemorou 10 anos de organização.
Em homenagem ao seu trabalho de promoção de diálogo e cultura de paz, estudantes de Ciências da Religião da UEPA, com o apoio do Instituto Ramagem, apresentam uma Exposição Fotográfica sobre o Comitê, de 12 a 14 de novembro, no Espaço de Convivência do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE/UEPA).
Na abertura, ocorrida agora de manhã, houve homenagem a Baba Tayandô, que fez sua "passagem", mas deixou um legado em prol do respeito e acolhida das diferenças.










Ramagem contribui para atuação de docentes no combate à intolerância religiosa

Neste 13 de novembro, o cientista político e mestre em Ciências da Religião Tony Vilhena, que também é coordenador da Instituto Ramagem, ministrou aula sobre "Planejamento docente e combate à intolerância religiosa" no "Curso de Capacitação em Estratégias de Combate à Intolerância Religiosa na Escola", promovido pelo Grupo de Estudos Afro-Amazônico da Universidade Federal do Pará.
Considerando a conjuntura atual de uma "onda" conservadora na sociedade brasileira, com apoio de segmentos religiosos fundamentalistas do cristianismo e reprodução massiva de discursos de ódio, gerando um sentimento de ameça aos segmentos considerados "minoritários", a criação de espaços para discussão e estudos sobre diversidade são imprescindíveis para a resistência democrática e mobilização de agentes comprometidos/as com os direitos humanos e as liberdades civis.
A aula iniciou com a reflexão sobre a demanda do planejamento para a prática docente. Há alguns fatore que devem ser lembrados para o êxito de planejamento, ainda mais quando planeja-se abordar a temática tão complexa do enfrentamento à intolerância religiosa:
- A neutralidade é impossível;
- O planejamento é um ato político;
- As ameaças e oportunidades do cenário (ambiente externo) devem ser levantadas;
- As forças e fraquezas imediatas ao ato docente (ambiente interno) merecem registro;
- O coletivo, a comunidade de saber envolvida, precisa ser motivada e envolvida;
- Os objetivos da ação devem ser divulgados para a comunidade;
- Problemas, direitos de aprendizagem, objetivos, métodos e conteúdos devem ser alinhados;
- Os problemas (especificamente, a intolerância religiosa) não são totalmente desconhecidos pela comunidade de saber.
Numa roda de conversa foram debatidos e (re)elaborados coletivamente os seguintes conceitos:
- Ecumenismo é o processo de diálogo e cooperação voltado a promover a unidade entre os cristãos de todas as confissões. O ecumenismo, no âmbito especificamente religioso, pode se referir à superação da divisão entre os cristãos. Mas o termo também é usado como sinônimo de encontro de pluralidades políticas ou ideológicas. A palavra tem origem no grego (Oikos = casa), derivando as palavras economia, ecologia, etc.
- Sincretismo religioso é a mistura acrítica ou mesmo proposital ou premeditada de ritos, crenças e elementos doutrinais de religiões diferentes e, em muitos aspectos, incompatíveis em conteúdo teológico. Pode-se também ser uma estratégia de preservação de uma crença frente à ameaça e a imposição de outra, mantendo seus aspectos litúrgicos e de visão do mundo internalizados, mesmo que manifeste ritos e discursos do “dominador”. Tecnicamente, tem-se optado em usar as expressões justaposição ou bricolagem.
- Diálogo inter-religioso é processo de aproximação e diálogo entre religiões, crenças e filosofias diferentes. Requer respeito mútuo, criticidade das diferenças e similitudes. Atos, celebrações e encontros são expressão do processo, não um fim em si mesmo.
A escola deve ser um espaço de abordagem científica do fenômeno religioso, assim como estuda a política, a cultura e a arte. Há avanços importantes como as licenciaturas de formação de professores/as de Ensino Religioso, que são capacitados/as para atuarem na ministração de metodologias e conteúdos científicos. Mas a tarefa de garantir a visibilidade das diferentes crenças e o devido respeito é uma missão de toda a escola.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Seminário debate estratégias de enfrentamento da intolerância religiosa

De 2015 a 2017, foram registradas dez mortes de lideranças de terreiros no Estado do Pará 

Por João Thiagfo Dias
 
Foto: Nailana Thiely (ASCOM/UEPA)
De 2015 a 2017, foram registradas dez mortes de lideranças religiosas de terreiros no Estado do Pará. O número foi apresentado, na manhã desta quinta-feira (8), pela Conselheira Nacional de Diversidade Religiosa do Ministério dos Direitos Humanos e Coordenadora do Comitê Inter-religioso do Pará, Mametu Nangetu, durante o "Seminário Estratégias de Enfrentamento da Intolerância Religiosa". O evento foi organizado pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), por intermédio do curso de Ciências da Religião, no campus do Telégrafo, em Belém.
Foram realizadas duas mesas de debate, uma com relatos de experiências a respeito do cenário de intolerância religiosa, que contou com a participação de Mametu Nangetu, da missionária católica Leidiane Gomes, da pesquisadora de intolerância religiosa nas escolas, Luciana Martins, e da coordenadora do curso de Ciências da Religião da Uepa, Taissa Tavernard. O outro debate foi conduzido por professores da universidade e tratou das estratégias para o enfrentamento contra esse tipo de situação. 
"Minha casa já foi apedrejada e continuo sofrendo racismo religioso, porque a vizinhança fica mandando eu me retirar dali. Mas sou uma mulher de tradição e sou respeitada pelo meu Estado", destacou Mametu. "Além disso, teve um caso recente em Mosqueiro em que uma professora pediu para a filha não se identificar mais na escola como pessoa de terreiro, pois estava sofrendo preconceito e violência verbal. É importante que as pessoas denunciem. Temos que contabilizar essas estatísticas", pediu.

OAB
 
Segundo o presidente da Comissão de Direito e Defesa da Liberdade Religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará (OAB-PA), Emerson Lima, existe um quadro muito grave de intolerância religiosa no Pará. "Temos registros de ameaça e morte. Quase 80% dos atos são praticados contra líderes de religiões de matrizes africanas", afirmou. "Muitas vítimas não sabem reconhecer quando realmente se trata de um caso desse tipo, ou então têm medo de narrar. E, quando narram, muitas autoridades classificam como outro crime, pois há um problema institucional para detectar", acrescentou.
Emerson também explica que existem três caminhos para denunciar este tipo de crime no Estado. "A vítima pode procurar a OAB/PA, o Ministério Público ou a delegacia especializada, mas eu sugiro sempre que nos procurem primeiro, pois fazemos uma triagem e preparamos um documento para a vítima ir até à delegacia ou até o Ministério Público munida de argumentos e aparato jurídico. Muitas vezes, membros da nossa comissão tiveram que acompanhar a vítima à delegacia, pois ouviram do delegado que não se tratava desse tipo de crime", comentou. 
A Comissão atua no combate e também na prevenção dos crimes de preconceito religioso. "Integramos um grupo de trabalho com o Conselho de Segurança Pública do Estado e outros membros da sociedade civil. Levantamos assassinatos e atos violentos cometidos contra integrantes de religião de matriz africana, projetando ações de segurança e defesa. E temos parceria com a Secretaria de Estado de Educação do Pará. É um projeto implantado este ano. Vamos às escolas públicas de Ensino Médio promover o diálogo sobre liberdade religiosa, democracia e direitos humanos", finalizou Emerson Lima Júnior.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Seminário reflete sobre a necessidade de se combater a intolerância religiosa


No dia 8 de novembro, a turma do terceiro ano de Ciências da Religião, em parceria com o Instituto Ramagem, realizou no Centro de Ciências Sociais e Educação - CCSE/UEPA - o seminário “Estratégias para o enfrentamento da intolerância religiosa”. O evento contou com a participação de professores/as do curso, dentre os quais, Taíssa Tavernard, Rosilene Pachêco Quaresma, Francisco Willams Campos Lima e Silvio Santiago-Vieira.
A atividade acadêmica iniciou com a palavra de abertura ministrada pelo aluno Walison Dias, que falou sobre seus objetivos. Logo após, a aluna Jéssica Ranieri mediou a mesa de debates que foi composta pela professora Taíssa Tavernard, professora Luciana Martins, missonária jovem católica Leidiane Gomes e a sacerdotisa afro-religiosa da Nação Angola Mametu Nangetu (coordenadora do Comitê Inter-religioso do Pará e conselheira nacional de Diversidade Religiosa). O foco das apresentações foram diversos relatos de casos de intolerância religiosa e a preocupação com a atual situação política do Brasil pós eleições.
Posteriormente, foi organizada uma segunda mesa redonda com a participação da professora Rosilene Quaresma e professores Francisco Willams Lima e Sílvio Santiago-Vieira. A ênfase dos debates foi como o processo educacional pode contribuir para a geração de respeito às diferenças, sobretudo, as religiosas.
Ao final, foram realizados sorteios de alguns exemplares de livros, destacando-se o livro "Religião e educação de surdos: desafios e métodos", que foi feito pelos alunos do terceiro ano de Ciências da Religião, a partir das oficinas de libras.



  








Texto: Nathália Castelo
Fotos: Michel Morais

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Convite: seminário e exposição fotográfica refletem sobre o diálogo inter-religioso


Num contexto onde se multiplicam discursos de ódio e intolerância, sobretudo nas redes sociais, é papel da academia produzir contradiscursos que disseminem a cultura de respeito à diversidade e apreço pela democracia.

Neste mês, temos duas datas que visam a celebração e a afirmação da importância das diferenças entre os povos, raças e etnias: o dia 16 de novembro (Dia Internacional da Tolerância) e o 20 de novembro (Dia Nacional da Consciência Negra).

O Instituto Ramagem, em apoio a esses princípios, forma parceria com estudantes do Curso de Graduação em Ciências da Religião da Universidade do Estado do Pará (UEPA) na promoção de dois eventos que ocorrerão no Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE/UEPA), na Av. Djalma Dutra, s/n, no bairro do Telégrafo, em Belém/PA.

Convidamos todas as pessoas que tenham interesse de atuação e pesquisa nesta temática a participarem.

O primeiro é o Seminário "Estratégias de Enfrentamento da Intolerância Religiosa", que será realizado no dia 08 de novembro, às 8h, na Sala de Recitais (CCSE/UEPA). Com participação de Mametu Nangetu (Conselheira Nacional de Diversidade Religiosa do Ministério dos Direitos Humanos e Coordenadora do Comitê Inter-religioso do Pará), Dr. Emerson Lima (Presidente da Comissão de Direito à Liberdade Religiosa da OAB/PA), Profa. Taissa Tavernard (Coordenadora do Curso de Ciências da Religião da UEPA).

O segundo é a Abertura da Exposição Fotográfica de 10 ano de Comitê Inter-religioso do Pará, que será realizada no dia 12 de novembro, às 9h, no Espaço de Convivência (CCSE/UEPA).



Agenda:

08/11 (quinta-feira) - 8h: Seminário Estratégias de Enfrentamento da Intolerância Religiosa.
Local: Sala de Recitais (CCSE/UEPA).
Com direito à certificação.
Organização: Turma do 3º ano de Ciências da Religião e prof. Tony Vilhena (disciplina Epistemologia do Fenômeno Religioso).

12/11 (segunda-feira) - 9h: Abertura da Exposição Fotográfica de 10 ano de Comitê Inter-religioso do Pará.
Local: Espaço de Convivência (CCSE/UEPA).
Organização: Turma do 4º ano de Ciências da Religião e prof. Tony Vilhena (História Contemporânea das Crenças Religiosas).


Para saber mais:

O Comitê Inter-religioso é uma interessante experiência que envolve pessoas de diferentes crenças em cooperação por um mundo sem intolerância e exclusões decorrentes de orientações e opções religiosas, promovendo uma cultura de paz e diálogo entre as religiões. Para conhecer mais o Comitê, acesse o seu blog (www.comiter.wordpress.com).


Dia Internacional da Tolerância: 16 de novembro, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover o compromisso de trabalhar pelo diálogo e a compreensão entre todas as pessoas e comunidades, considerando que uma humanidade unida significa vivermos e trabalharmos juntos, com base no respeito mútuo e para a riqueza que nos traz a diversidade humana. 

Dia Nacional da Consciência Negra: 20 de Novembro, data de morte de Zumbi dos Palmares (1695) - é referência histórica de auto-organização e resistência à escravidão no Brasil para o fomento da discussão das questões relacionadas à valorização da população negra, possibilitando uma reflexão da prática pedagógica frente à diversidade étnico-racial e a redução/eliminação das desigualdades sócio-raciais.