domingo, 22 de setembro de 2019

Religiosos pedem liberdade e respeito em caminhada no Rio

Publicado em 15/09/2019 - 15:36
Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil

A Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa chegou hoje (15) à sua 12ª edição, reunindo na Praia de Copacabana representantes de todos os segmentos religiosos. Este ano, o evento contou com a participação de pastores afro-americanos da Igreja Luther King, de Atlanta, Estados Unidos, e de Arabá Agbaye Olu Isese de Ilè Ifè, considerado o sacerdote supremo de Ifá na Nigéria.
A caminhada é organizada pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) e levou a mensagem de “respeito à democracia, ao Estado laico, aos direitos humanos e às liberdades”. Segundo disse à Agência Brasil o babalaiô Ivanir dos Santos, presidente da CCIR e conselheiro do Ceap, o Brasil está vivendo um momento muito ruim, onde cresceu a intolerância religiosa, o racismo, a homofobia, “que são uma ameaça à diversidade”.
12ª Caminhada Nacional em Defesa da Liberdade Religiosa, na orla de Copacabana - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Essa é a maior mensagem do evento, que pretende levar às autoridades o pleito de que sejam tomadas medidas contra os ataques que os templos do candomblé sofrem nas comunidades carentes do estado e do país. “A nossa esperança também está nessa direção. E acordar a sociedade, que precisa se posicionar, dizer que não aceita isso, que está junto conosco em um momento como esse”.

Novo desenho
Ivanir dos Santos destacou que o evento deste domingo tem um desenho diferente dos anteriores porque “a maçonaria se mobilizou, os escoteiros estão trazendo uma delegação grande”. Além disso, as escolas de samba Estação Primeira de Mangueira e Grande Rio também têm representantes, uma vez que o enredo das duas gremiações tem a ver com intolerância. “Todo mundo envolvido”.
Também aderiram setores populares, como a cultura. Outra novidade deste ano foi que adeptos do candomblé usaram cocares de penas na abertura da caminhada, remetendo aos animais da Amazônia que devem ser preservados. “Porque, para nós, a natureza é sagrada. Somos religiões que reverenciamos a natureza”, disse o babalaiô.

União
Na avaliação de Patricia Carvalho, da organização budista Brahma Kumaris, a principal lição que a caminhada dá é mostrar, por meio de ações concretas, que é necessário ir além das diferenças e eleger e trabalhar por aquilo que todas as religiões têm em comum, que são os valores humanos, entre os quais a paz, a liberdade e a união. “Porque afinal de contas, a religião, na prática, é isso. É ir além dos dogmas, da filosofia, das diferenças, e juntar as mãos e trabalhar por aquilo que todos nós temos em comum”.
O pastor evangélico Vitor Louredo, da Igreja GAE – Missões, observou que o país está vivendo um momento crítico em relação à intolerância religiosa, principalmente contra as religiões de matriz africana, que vêm sofrendo ataques. “É importante essa luta para que o respeito e o amor prevaleçam na sociedade, que é o que tem faltado”. De acordo com Louredo, tem muita onda de intolerância vinda de evangélicos.
Por isso, afirmou que sua participação é também para mostrar que nem todos os evangélicos abraçam esses ataques. “Muitos evangélicos ainda estão lutando pelo amor, pelo respeito; são contra essa onda. Acho que o Estado laico e o direito religioso não são só para o outro. São para mim também. Ao mesmo tempo que eu não gostaria de ser perseguido, também não quero que outros sejam perseguidos”. Deixou claro que o seu direito termina quando começa o direito do outro. “Não posso querer só liberdade para mim e não querer do outro; querer só privilégios, porque eu não gostaria que fosse o contrário”.
12ª Caminhada Nacional em Defesa da Liberdade Religiosa, na orla de Copacabana - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Todos iguais
Uma das faixas carregadas pelos religiosos deixava bem claro: “Somos todos iguais perante Cristo”. O diácono Nelson Águia levou a mensagem do cardeal do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, para a caminhada, cuja importância disse ser muito grande. “Porque hoje nós temos, mais do que nunca, no passado, agora, no presente, nós temos que nos respeitar. Cada um tem o direito de seguir a religião que quer, do modo que quer e se relacionar com Deus como quer. Deus é Deus e se manifesta da maneira que quer, onde ele quer e com quem ele quer”.
O diácono da Igreja Católica destacou que nenhuma religião é proprietária de Deus. “Ele é compartilhado por todos”. Recomendou que se deve ver sempre o que o outro tem de bom, e não aquilo que tem de ruim. “Nós temos que construir pontes e não elevar barreiras. É importante que essa manifestação hoje aqui possa mostrar à sociedade o que as religiões pensam e que querem caminhar juntas. Nós queremos respeito por parte da sociedade, por parte da política, por parte do governo, do Estado. Nós queremos respeitar e sermos respeitados”, disse.
Na avaliação da pastora da igreja luterana Luzmarina Garcia, a importância dessa caminhada é enorme. “Porque, na verdade, nós estamos vivendo uma situação de tanta violência religiosa que precisamos dar um testemunho positivo de que é possível conviver, é possível se respeitar e entender que as diferenças fazem parte de uma sociedade democrática e que tem muitas religiões, como a sociedade brasileira”. Luzmarina considerou que o evento dá o testemunho positivo de que, todo mundo junto, se faz uma sociedade melhor.
12ª Caminhada Nacional em Defesa da Liberdade Religiosa, na orla de Copacabana - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Unidade na Diversidade: pastora Romi Bencke

 
Romi Márcia Bencke nasceu com uma vocação. A menina gaúcha descendente de alemães já sabia que em seu futuro a religião ocuparia um papel maior do que o representado pelas idas aos cultos da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Igreja esta que, como a família de Romi, veio ao Brasil por meio da migração alemã e se estabeleceu no sul do país.
 
Quando pequena, Romi certa vez perguntou ao pastor se mulheres também poderiam ser pastoras. Ao ouvir uma resposta afirmativa, ela decidiu: “então é isso que eu vou ser”. Aos 14 anos, Romi foi estudar em um internato da igreja em Ivoti, Rio Grande do Sul, para seguir o sonho que não era mais apenas dela, e sim de toda a comunidade que a abraçou. Lá, fez o curso de tradução, intérprete e pré-teológico, que era uma preparação para a faculdade de teologia. Ao terminar o curso, no entanto, mudou de planos e resolveu voltar para casa. “Eu decidi que eu não tinha maturidade, não me sentia preparada para ir para a teologia, aí eu voltei para casa, frustrando minha família e também a comunidade de fé”, diz.
 
Depois de pouco mais de dois anos trabalhando como professora em um colégio, sua vocação voltou a chamá-la e ela decidiu finalmente cursar teologia. Na Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, Romi entrou em contato não apenas com o estudo das diferentes religiões, mas com o papel social exercido por elas e pelas igrejas.
 
A partir do contato com a teologia da libertação, ela começou a se envolver em ações sociais e usou sua vocação para um propósito ainda maior: a defesa dos direitos humanos. O lema “unidade na diversidade”, repetido sempre que possível, não é apenas uma frase de efeito, mas um guia para sua atuação em um meio que, talvez contraditoriamente, é muitas vezes marcado por conflitos.
 
Na faculdade, no início dos anos 1990, Romi e seus colegas colocaram em prática a ideia de ação social e criaram um grupo de apoio às pessoas soropositivas da cidade de São Leopoldo. Na época, as informações sobre o HIV e a aids ainda eram muito incipientes no Brasil e, por isso, conta ela, “na igreja, o pessoal ficou maluco, porque é óbvio que tinha muito preconceito. Quando ficaram sabendo que tinha estudantes de teologia fazendo esse tipo de intervenção, teve muita reclamação, mas a gente encarou a briga”. A experiência que marcou sua vida também a apresentou a outras realidades como a das trabalhadoras do sexo e a discussão sobre sexualidade, que naquela época ainda era muito limitada.
 
Depois de formada, Romi estudou e trabalhou com o ecumenismo, tentando encontrar formas de unir as diferentes religiões em prol de um bem comum. Unidade na diversidade. Por sete anos, a questão ecumênica foi tratada diretamente com a comunidade por meio de sua atuação como pastora da igreja luterana em uma paróquia no interior do Rio Grande do Sul, até que ela foi escolhida a primeira mulher a assumir a Secretaria-Geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).
 
Talvez ela não soubesse, mas a pergunta que fez ao pastor quando jovem já demonstrava que ela possuía também uma outra vocação: a luta pelos direitos das mulheres. Romi não permitiu que o fato de ser mulher se colocasse como um empecilho para se tornar pastora ou atrapalhasse seu trabalho a favor de uma religiosidade mais tolerante.
 
A formação feminista faz com que hoje ela critique os valores patriarcais presentes nas relações de poder na sociedade brasileira e defenda discussões de gênero tanto nas escolas quanto nas igrejas. “As mulheres têm a sua dignidade, têm os seus direitos, e grupo religioso nenhum, seja ele qual for, pode negar a dignidade, a autonomia e o acesso aos direitos das mulheres”, defende.
 
Atualmente, são duas as linhas de atuação do CONIC: a promoção da vivência da comunhão e da espiritualidade ecumênica e inter-religiosa e a presença pública em diálogos sobre valores que fundamentam a perspectiva de equidade.
 
Romi ressalta que o primeiro ponto é fundamental porque hoje em dia vivemos em um contexto de muito fundamentalismo religioso, e a perspectiva ecumênica é necessária para que se difunda a ideia de que “religião não é para promover o ódio, nem pra dividir”. “A religião pode fortalecer valores que priorizem a construção de uma cultura de paz, de tolerância, de menos ódio, de mais aceitação mútua e assim por diante”, explica a pastora.
 
Diversidade
 
Mas o segundo pilar ganha destaque porque foi principalmente em função dele que o CONIC começou a atuar na questão da migração. Com o intenso fluxo de migrantes haitianos vindo para o Brasil a partir de 2010, o Conselho decidiu que era importante seu envolvimento no assunto, uma vez que esse é um tema tão caro às igrejas cristãs, já que se mistura até mesmo com a história de Jesus.
 
Em 2015, surgiu um projeto-piloto intitulado “Imigrantes e Refugiados: Desafios da Casa Comum”, no qual, mais uma vez, foi necessário olhar para dentro, para a religião em si. Em vez de oferecer assistência às pessoas que chegavam aqui – por considerar que o CONIC não tem o conhecimento necessário –, o Conselho escolheu trabalhar a aceitação e o acolhimento dos migrantes com comunidades religiosas para lutar contra o preconceito.
 
“Com isso, a gente colocou outros pontos que o tema da migração e do refúgio trazem. Por exemplo, a interculturalidade, a xenofobia, a inter-religiosidade, porque cada migrante vem com a sua experiência religiosa ou não, então a gente precisa trabalhar essa diversidade”, conta Romi. O projeto, no entanto, enfrentou dificuldades quando se deparou com casos de xenofobia dentro da própria comunidade. “A gente fez uma primeira experiência que durou um ano, e essa experiência contribuiu para comprovar a nossa suspeita, ou seja, o quão difícil é levar o tema da migração e do refúgio para dentro das igrejas”. “Por que é difícil?”, ela mesma pergunta. E responde: “porque as igrejas são muito autocentradas, então quando têm que se abrir para um trabalho externo, diferente daquilo que estão acostumadas a fazer, elas encontram resistência”.
 
Abrir as igrejas para a diversidade é a missão de Romi. Nessa tarefa árdua de lutar por um país mais diverso e, ainda assim, mais unido, sobram parceiros, que vão das próprias igrejas até o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), passando por várias outras iniciativas. “E por aí a gente vai, fazendo caminho ao andar”, resume Romi.
 
Fonte: Sur.Conectas
(Revista Internacional de Direitos Humanos)
Foto: Acervo pessoal

Intolerância: mulher dá golpes de marreta em estátua de Iemanjá

Polícia está investigando o caso de intolerância religiosa contra imagem de Iemanjá
Reprodução/Youtube

A Polícia Civil de Santa Catarina abriu investigação para apurar um caso de intolerância religiosa em que uma mulher atacou uma estátua de Iemanjá localizada em Florianópolis (SC) com uma marreta na última quarta-feira (17). A Sociedade Ylê de Xangô, responsável pela imagem, disse que não tem como custear a reparação após os danos causados pela mulher, que deu marretadas na figura.

“Ainda falta reunir o pessoal do Ylê, porque a gente não tem o recurso financeiro para fazer a restauração. Tem bastante gente pelas redes sociais que está manifestando interesse em ajudar”, contou Marlus Henrique Tanner, filho do Babalorixá Tacques, líder da Sociedade, ao portal NSC Total.

Apesar de não conseguir derrubar a estátua, a mulher quebrou parte da base e provocou alguns danos na imagem em si – como a mão de Iemanjá. Segundo a polícia, a responsável pelo ataque , flagrada em vídeo feito por morador, não foi identificada.

A estátua está no local desde 2013 e o ponto em que ela se localiza é reconhecido pela Prefeitura e pela Câmara de Vereadores como “Recanto de Iemanjá”. Muitos turistas passam na região para tirar fotos.

Fonte: Fórum

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Quilombola recebe ameaça de morte no agreste de Pernambuco

Um dos principais líderes quilombolas de Pernambuco e presidente da associação da comunidade quilombola de Castainho, no agreste do estado, José Carlos Lopes, 63, sofreu nova ameaça de morte em decorrência de sua atuação frente à associação da comunidade e à luta em defesa de seu território. A ameaça ocorreu no último domingo, dia 15/09/19, quando testemunhas receberam o recado de que iriam tirar a vida do quilombola, havendo inclusive comprado toucas ninjas para executar a ação.
 O quilombola já registrou Boletim de Ocorrência na delegacia de Garanhuns e espera que investigações sejam realizadas e medidas emergenciais sejam tomadas com o intuito de impedir novas situações de violência. Já há vários anos, José Carlos Lopes vem sendo vítima de ameaças de mortes, que a despeito de serem proferidas por diferentes atores, ocorrem todas em decorrência de sua atuação, enquanto presidente da associação, em defesa do território quilombola de Castainho.
 O quilombola vive sob a proteção do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos do estado há aproximadamente cinco anos.  Por orientação do Programa, em 2014, José Carlos precisou se afastar por cerca de três meses da comunidade onde nasceu e se criou, devido às fortes ameaças de morte que vinha sofrendo.
 Comunidade Quilombola de Castainho: Uma história a contar - A Comunidade Quilombola de Castainho há décadas tornou-se um exemplo de luta pela efetivação dos direitos e pela demarcação dos territórios quilombolas no estado e no país. O quilombo ficou nacionalmente conhecido por ser a primeira comunidade pernambucana a receber o título da Fundação Palmares, em maio de 1997, após vários anos de luta das famílias. Castainho, juntamente com a comunidade de Conceição das Crioulas, também foi a primeira a passar pelo processo de demarcação territorial no estado. O exemplo da luta de Castainho repercutiu e inspirou outras comunidades do entorno a lutarem pelo reconhecimento da identidade quilombola e pela demarcação de seus territórios.

CEDENPA E GEAM CONVIDAM PROFESSORES E PROFESSORAS PARA A RODA

Visita ao Terreiro Nangetu
A roda, o círculo, é lugar de igualdade, de se olhar de frente, um valor civilizatório das africanidades presente na roda de capoeira, na roda de samba, na gira do terreiro, na ciranda das crianças... 

O Grupo de Estudos Afro- Amazônicos (GEAM) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA) promoveram o Encontro Estadual de Professores do Pará: os desafios da educação étnico-racial, de 13 a 15 de setembro de 2019, em Belém. Desta forma, garantiram um espaço importante para (re)articulação de educadores e educadoras para a implementação da Lei 10.639, que institui o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas.
O encontro foi proposto como ação organizativa do “Projeto de Extensão Universitária Educação, Negritude e Resistência”, tendo como um dos objetivos criar uma Rede de Professores/as que trabalham a temática das relações Étnico-Raciais em distintos municípios paraenses.
No dia 13 de setembro, a conferência de abertura foi ministrada pelo Prof. Msc. Billy Malachias do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), que explanou sobre a importância de criação de conteúdos e materiais para a diversidade. Posteriormente, foi promovida a mesa-redonda intitulada "Cenários da educação para as relações étnico-raciais na Amazônia", composta pela Profa. Dra. Zélia Amador de Deus (UFPA e CEDENPA), Profa. Esp. Helena do Socorro Campos da Rocha (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros - NEAB/IFPA) e Profa. Esp. Kátia Simone Alves de Araújo (Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial - COIPIR/SEDUC), que apresentou experiências exitosas de projetos pedagógicos de combate ao racismo, enfatizando a importância da implementação da Lei 10.639/2003, que Alterou a LDB, tornando obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, e que foi alterada pela Lei 11.645/2008, acrescentando a questão indígena. A mesa também apontou desafios para a implementação da legislação educacional antirracista, destacando-se: forte cultura racista presente no cotidiano das escolas e da sociedade, falta de interesse de gestores para a importância e emergência do tema e carência de qualificação de profissionais da educação para inserção de projetos na área.
Entre as oficinas optativas, a de "Educação, Africanidades e Novas Tecnologias", com o Prof. Guinê Ribeiro, abordou as estratégias de uso das tecnologias computacionais para a geração de articulação do movimento negro e de disseminação de valores civilizatórios africanos. E a oficina de "Religiões de Matrizes Africanas no contexto escolar", com o Prof. Msc. Rodrigo dos Santos, que ministra a disciplina Ensino Religioso na Rede Pública de Educação, elaborou um balanço do racismo religioso que persegue as religiões de matrizes africanas e apresentou propostas de como se trabalhar em sala de aula com respeito às religiões afro-brasileiras, garantindo os conhecimentos necessários para responder ao que pede a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

No dia 14 de setembro, o evento promoveu a mesa-redonda “As religiosidades de matrizes africanas na Amazônia”, oportunidade que o sacerdote Baba Edson Catendê e as sacerdotisas Mametu Nangetu Nzambe e Mametu Muagile expuseram as modalidades de expressões de suas crenças e fé, enfatizando que o universidade das religiões de matrizes africanas é muito diverso. O maior problema enfrentado é a persistência do racismo religioso e da demonização de seus cultos. Os debates desta mesa merecem ser destacados pelos pronunciamentos de muitos dos professores/as que revelaram que ainda não haviam percebido a importância de sua atuação para o enfrentamento da intolerância religiosa e pelo comprometimento assumido para a promoção da diversidade.
Em seguida, iniciaram-se as apresentações da mesa “Educação, Gênero e Diversidades” composta pela Profa. Dra. Dalva Santos, educadora popular Fátima Matos e Profa. Dra. Mônica Conrado. Nesta discussão, veio à tona a questão de o problema da segregação social no Brasil relaciona racismo e sexismo, que atinge negativamente as mulheres, afetando com mais gravidade as mulheres negras. A organização também promoveu vários "relatos de experiências no âmbito da educação para as relações étnico-raciais" por etapas e modalidades da Educação Básica.

No dia 15 de setembro, no encerramento, foi realizada visita técnica no Terreiro Mansu Nangetu - Mansubando Kekê Neta, espaço sagrado de manutenção e preservação das manifestações afro-religiosas de origem Bantu, na cidade de Belém, na Tv. Pirajá, 1194, bairro do Marco da Légua, em Belém. Em metodologia “roda de conversa”, foi apresentado como funciona um terreiro, os seus valores éticos abordados nos discursos e em reuniões, a prática do comunitarismo e a luta contra a permanente campanha de perseguição que sofrem das religiões majoritárias.
No final, o encontro estadual foi avaliado como muito positivo pelos/as participantes. Houve um compromisso de buscar ao máximo, em cada espaço de ação pedagógica, desenvolver atividades que contribuam para a visibilidade e implementação da Lei 10.639, não somente no dia da Consciência Negra (21 de Novembro). Também foi manifestada preocupação com a falta de nomeação da Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial (COIPIR/SEDUC). Por fim, criou-se uma Frente de Professores/as Contra o Racismo.

Por: Profa. Giovana dos Anjos Ferreira Vilhena e Prof. Tony W. da Silva Vilhena

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Professores e professoras e os desafios da educação étnico-racial




 
 
 
 
O Encontro de professoras e professores terá como temas centrais os desafios da implementação da Lei 10639/03 e as relações étnico-raciais e visa aglutinar, mobilizar professores (as) de distintas regiões do Pará, para tratar de ações do enfrentamento ao racismo no ambiente escolar, assim como criar uma rede estadual de professoras (es) para articular ações para trabalhar mais efetivamente e Lei 10639/03.

O evento será realizado nos dias 13,14 e 15 de setembro de 2019
Local: auditório do IFPA, na Almirante Barroso, 1155, Marco, Belém- PA
Horário: 9h às 17h
Os professores da rede estadual serão autorizados a participar através de inscrição neste link.

Mais nformações: projetoeducacaoenegritude@gmail.com ou pelo telefone (Whatsapp) 91 98065-3453.