Diretora de escola particular de Ananindeua foi gravada por alunos proibindo o trabalho sobre entidade de matriz africana
Por G1 PA, Belém
O Ministério Público do Estado do Pará protocolou, na 3º Vara Criminal
de Ananindeua, a denúncia contra a diretora do Centro de Educação
Trindade, Ana Trindade, envolvida em caso de intolerância religiosa,
ocorrido em 2016, no bairro de Águas Brancas, segundo informações
divulgadas nesta quarta-feira (2). Na ocasião, a diretora vetou a apresentação de um trabalho que falava sobre Pombagira, uma entidade de religião de matriz africana. O G1 tenta contato com a diretora.
Em novembro de 2016, um vídeo feito por alunos registrou a discussão com a diretora (veja acima). No
vídeo, a professora repreende o tema escolhido pelos alunos.
“Pombagira? Credo! Sangue de Jesus”, diz Ana Trindade, também dona do
colégio. “A senhora tem de respeitar outras religiões”, retruca o aluno
Gabriel Ferreira, que propôs o tema. “Não, eu não sou obrigada a
entender as outras religiões. Eu não quero e acabou!”, diz a gestora na
conversa com o grupo de estudantes.
No vídeo, a diretora diz que a escola tem princípios cristãos. “Eu
tenho que dizer pra vocês: aqui dentro da minha escola vai funcionar,
vai se realizar e vai se apresentar o que eu achar que é de Deus. Nada
de Pombagira aqui dentro”, declara Ana Trindade. “Mas a Pombagira Cigana
é uma lenda cultural. A senhora respeite”, argumenta Gabriel.
Denúncia
A denúncia contra Ana Trindade foi instaurada no último dia 17, após a
solicitação encaminhada pela Comissão de Direito e Defesa da Liberdade
Religiosa da OAB-PA.
O presidente da Comissão de Direito e Defesa da Liberdade Religiosa da
OAB-PA, Emerson Lima, relembra que na época do ocorrido a comissão atuou
de forma incisiva após o conhecimento do caso e entrou imediatamente
com uma representação criminal para que o Ministério Público apurasse os
fatos mediante processo investigatório e propusesse uma ação penal
contra a diretora, que cometeu o crime de intolerância religiosa, além
da proposição da ação civil pública contra a instituição de ensino.
"A denúncia contra a diretora não é só uma vitória da comissão, mas da
democracia e da pluralidade de expressões religiosas. Além disso, também
demonstrou que o Estado é Laico, e essa qualidade deve ser respeitada
em todas as esferas sociais, principalmente no ambiente escolar. É
importante destacar ainda que a denúncia traz visibilidade para outras
situações de intolerância, onde as vítimas sequer sabem como agir",
ressalta o presidente da Comissão de Direito e Defesa da Liberdade
Religiosa da OAB-PA. Ele também afirmou que a seccional paraense
continuará acompanhando o prosseguimento do processo e aguardará a
punição da suspeita.
Fonte: G1 Pará
Nenhum comentário:
Postar um comentário