Ivanir dos Santos - foto de Brunno Rodrigues |
Professor e doutor Babalaô Ivanir dos Santos recebe prêmio em Washington
O prêmio International Religious Freedom (IRF) será entregue
pelo State Department’s Office of International Religious Freedom.
Em sua primeira edição, o prêmio destacou quatro pessoas,
selecionadas em todo o mundo. A principal missão do referido
departamento é “monitorar as perseguições religiosas e a discriminação
em todo o mundo, com o intuito de implementar políticas nas respectivas
regiões ou países e desenvolver programas para promover a liberdade
religiosa”, além de destacar ativistas que lutam incansavelmente pela
causa, como é o caso de Ivanir dos Santos, que é interlocutor da CCIR –
Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.
Prof e Dr. pela UFRJ, Ivanir traz um legado de mais de 40 anos
de muitas batalhas. Figura ímpar no cenário nacional, vem há anos no
combate ao racismo e principalmente a luta contra à intolerância
religiosa. Mas além de reivindicar, vem buscando diálogos com grupos de
estudos e pesquisas em âmbitos internacionais, o professor Ivanir vem
construindo e fomentando ações para o fortalecimento dos laços entre os
intelectuais afro-brasileiros, afro-americanos e africanos. Além de
destacar ativistas que lutam incansavelmente pelas liberdades, contra o
racismo e em prol dos direitos humanos.
Foi interno da Funabem, seguiu o caminho inverso das estatísticas, ao
se tornar uma referência no Rio. De sacerdote (há 24 ano) à academia
(desde 2015 – UFRJ), conta com um séquito de religiosos (diversos
seguimentos), alunos e pessoas influentes. Sua tese, intitulada
“Marchar não é Caminhar: Interfaces Políticas e Sociais das Religiões
de Matrizes Africanas no Rio de Janeiro contra os processos de
Intolerância Religiosa (1950-2008)”, busca fazer um análise histórica do
desenvolvimento e crescimento da intolerância religiosa no Brasil, que é
fomentada desde o período colonial até os dias atuais, evidenciando e
pontuando processos de resistências das religiões de matrizes africanas
frente à intolerância religiosa e demonização de suas culturas e
tradições, mostrando também e identificando os diversos momentos e que o
Estado age de forma repressiva.
A pesquisa, que também apresenta um balanço social e político dessas
ações repressoras, também faz um alerta sobre os riscos que corremos
quando o Estado, que constitucionalmente é declarado laico, ajuda a
promover ações anti-democráticas voltadas exclusivamente para um único
grupo religioso em detrimento de outros. A pesquisa, é fruto dos das
ações e pesquisas realizadas no combate à intolerância religiosa. Ações
essas, que vem desenvolvendo à frente da Comissão de Combate à
Intolerância Religiosa (CCIR) – atuando como interlocutor, bem como na
realização da Caminha em Defesa da Liberdade Religiosa, em 2017, onde se
prepara para realizar a 12ª edição, que tem com meta, levar mais de 100
mil pessoas à Copacabana, juntas em prol do diálogo inter-religioso e
da tolerância religiosa no país.
Citando algumas prêmios nos últimos anos. Com suas ações, criou
jurisprudência sobre a Lei nº. 7.716, que transformou o racismo em crime
inafiançável e imprescritível. Por sua luta contra o racismo, a
xenofobia e a intolerância, recebeu, em 1997, da Federação Israelita do
Rio de Janeiro, o Prêmio Adolpho Bloch. Em dezembro de 1999, Dia
Internacional dos Direitos Humanos, foi agraciado com o Prêmio Nacional
de Direitos Humanos, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos do
Ministério da Justiça, conferido por uma comissão da sociedade civil e
membros do governo, entregue a Ivanir dos Santos pelo presidente da
República. Recebeu Prêmio Direitos Humanos 2014 (em sua 20ª
edição). Com mais esse prêmio, essa é a prova que ele tem voz e agora em
nível internacional.