quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A atuação da família junto a crianças vítimas de bullying


A violência aumenta a cada dia em nossa sociedade, geradora de uma série de consequências na vida de pessoas e seus familiares. Tal situação afeta diretamente o seio familiar influenciando na questão educacional dos filhos. As fronteiras da violência no tempo e no espaço se tornam difíceis de serem definidas. É por isso que, muitas vezes, a violência pode ser confundida com agressão e indisciplina, quando se manifesta na esfera escolar. A violência no ambiente escolar têm um tipo identificado como bullying sendo um dos comportamentos agressivos observados atualmente no ambiente escolar.

Para Constatini (2004) o bullying “é um comportamento ligado à agressão verbal, física ou psicológica que pode ser efetuada tanto individual quanto grupalmente”. O bullying é um comportamento próprio das relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer através de “brincadeiras” que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar.

Bullying é uma palavra de origem inglesa, que foi adotada por diversos países para conceituar alguns comportamentos agressivos e anti-sociais e é um termo muito utilizado nos estudos realizados sobre a problemática da violência escolar, que afirma Fante (2005, p. 21), acontece de forma velada, por “meio de um conjunto de comportamentos cruéis, intimidadores e repetitivos, prolongadamente contra uma mesma vítima” e com grande poder destrutivo, pois fere a “área mais preciosa,íntima e inviolável do ser- a alma”.

De acordo com as autores Abramovay e rua (2003) a violência escolar é um fenômeno antigo em todo problema social podendo ocorrer, conforme já classificado pela ciência e adotado pelo senso comum, como indisciplina, delinqüência, problemas de relação professor-aluno ou mesmo aluno-aluno.

É um fenômeno devastador, podendo vir a afetar a autoestima e a saúde mental dos adolescentes, assim como desencadear problemas como anorexia, bulimia, depressão, ansiedade e até mesmo o suicídio. Muitas crianças vitimas do bullying desenvolvem medo, pânico, depressão, distúrbios psicossomáticos e geralmente evitam voltar a escola quando esta nada faz em defesa da vitima.

Para Chalita (2004, p. 17) em relação a família afirma que para “a educação informal nenhuma célula social melhor do que a família. É nela que se forma o caráter. A família tem a responsabilidade de formar o caráter,

Minayo (1999) afirma que:

A família é uma organização social complexa, um microcosmo da sociedade, onde ao mesmo tempo se vivem as relações primárias e se constroem os processos identificatórios. É também um espaço em que se definem papéis sociais de gênero, cultura de classe e se reproduzem as bases de poder (p. 83)

É neste sentido que Mussen (1974 apud Fante e Pedra, 2008, p. 93) destaca que:

Se os pais permitem ou reforçam abertamente a agressão, é possível que as crianças se comportem agressivamente em casa e, por generalização, em outros lugares em que sintam ser a agressão permitida, esperada ou encorajada. A presença de um adulto permissivo favorece a expressão do comportamento agressivo.


Pereira (2009, p. 53) considera que a família ideal seria “aquela que predominasse o amor, o carinho, a afeição e o respeito. Mas nem sempre isso acontece. Nesses casos, muitas crianças e jovens se desvirtuam e passam a reproduzir o que aprendem com seus familiares”.


Os pais (famílias) precisam ter mais participação no ambiente escolar, que sejam próximos de seus filhos para abordarem e serem capazes de identificar esse processo de bullying. No tocante as alternativas de enfrentamento ao bullying escolar, Pereira (2009) que o primeiro passo é que a comunidade escolar tome consciência da existência e comece a buscar métodos para eliminá-lo. Guareschi e Silva (2008) relatam que uma das alternativas para o enfrentamento da violência ou do fenômeno bullying é a informação e a formação dos alunos para um despertar para a cidadania. Desse modo é preciso avançar neste propósito, pois não adianta a escolar propor terapia aos alunos vitimizados se não se dispõe também um programa de prevenção a este tipo de violência.

O papel da escola, da família e da comunidade, onde se inserem crianças e adolescentes, tem papel fundamental na contribuição da descoberta do sujeito, isso também se faz necessário para que se possa conhecer quem está ao seu lado, dessa forma compreendendo e respeitando as diferenças, atitudes e reações do outro (Fante e Pedra, 2008). Na escola, portanto,

É necessário valorizar os trabalhadores da educação, apoiar e incentivar a formação continuada, estimular práticas pedagógicas compromissadas com a desestruturação dos bloqueios culturais, promover a interdisciplinaridade, a consolidação dos direitos humanos e a transformação efetiva da sociedade e, no que tange à comunidade escolar, viabilizar o acesso a informações sobre a temática violência escolar e bullying, estimular o diálogo, o respeito à criança e o adolescente e aos seus direitos.

Nas afirmativas de Fante (2008, p. 02) “as ferramentas mais eficazes para ensinar regras de convivência saudável aos filhos são o afeto incondicional, o diálogo e as atividades educativas, como jogos esportivos, aulas de arte e ações solidárias”, ou seja, a família deve investir nas crianças e jovens valores de respeito ao próximo e não violência.

Texto de Aline Do Socorro Ramos Fortes
Psicóloga
 

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