sábado, 27 de outubro de 2018

Belém tem ato inter-religioso pela democracia




Na noite de ontem, em frente ao Mercado de São Brás, ponto de referência de encontros e protestos em Belém do Pará, representantes de diferentes religiões manifestaram sua preocupação com o avanço dos discursos de ódio que assombram a sociedade e que se personificam na candidatura de um militar com longo histórico de intolerância para a presidência da República. 

Com uma forte mística, animada por um grupo de música e poesia formado ecumenicamente, o ato inter-religioso pela democracia reuniu wiccas, povos tradicionais de matriz africana, anandamargas, evangélicos, católicos, entidades religiosas, além de diversos movimentos sociais e organizações políticas, sob mediação de Virgínia Moraes e padre Paulinho, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). 

Para Mãe Patrícia, da Umbanda, “a diversidade religiosa está ameaçada” com a possibilidade de eleição de um presidente com histórico de discursos que afrontam direitos. Já o Babalorixá Edson Catendê invocou as forças de Olorum e da ancestralidade para inspirar a resistência popular e dar forças a todos que sofrem preconceito e exclusão. A sacerdotisa wicca Mirian Carvalho defendeu a necessidade da defesa da igualdade de direitos entre as pessoas, da natureza e da democracia. 

A irmã Tea Frigério do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI) clamou pela “Espírita Santa”, a divina Ruah, expressão feminina de Deus, para que sustente o senso de justiça frente aos ataques dos poderosos ao povo oprimido. Por sua vez, o professor Douglas Silva da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, que congrega pessoas de diversas igrejas, leu um manifesto que defende as liberdades civis e os direitos humanos. 

O Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs (CAIC) esteve representado pela pastora da Presbiteriana Unida Cilene Bastos, o reverendo anglicano Marcos Barros, o pastor de Confissão Luterana Toninho Teles e o pastor metodista Charles Mulemena. Barros citou textos bíblicos contra o “abominável”, alertando que há uma missão para quem defende o bem e a paz: sensibilizar amigos e parentes que aderiram ao projeto de violência e que optaram pela vergonhosa defesa da ditadura a reverem seus posicionamentos num processo pedagógico de diálogo permanente. 

Tony Vilhena, metodista confessante, citou o pastor batista norte-americano Martin Luther King, que enfrentou o racismo nos EUA, “se não puder voar, corra, se não puder correr, ande, se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito”. Pois a conjuntura atual de proliferação da intolerância contra “minorias” exige nossa persistência e auto-organização constantes, além dos processos eleitorais.

A luta pela democracia mobilizou gente diferente, mas que se reconhece e se identifica na irmandade dos ideais de justiça e bem comum contra todas as formas de opressão, regime militar e supressão de liberdades. 

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