sexta-feira, 7 de março de 2014

Destruído monumento a Mãe Doca

Foto: Dudah Souza
Vergonha. Indignação.  O monumento em memória de Mãe Doca (Noche Navakoly), símbolo da resistência dos Povos de Terreiros de Belém, inaugurado ontem às 7:30h da manhã, na esquina da Tv. Humaitá com a Av. Duque de Caxias, no bairro do Marco, não durou nem 24 horas. Já foi destruído. Ato de racismo, intolerância religiosa, ou vandalismo gratuito, seja qual for a motivação é inaceitável. O direito constitucional e a cidadania precisam ser efetivados no nosso País. Punição aos vândalos é o mínimo que se espera.
Noche Navakoly (Mãe Doca) foi presa várias vezes e ainda assim não desistiu da luta pelo direito à consciência religiosa. Manteve até 1969 o seu Terreiro de Nagô Cacheu, fundado em 18 de março de 1891, na Tv. Humaitá, próximo à Duque de Caxias, em Belém do Pará. Enfrentou a polícia e todo tipo de preconceito em nome do direito ao culto religioso. O monumento em sua memória,  em Belém, é simbólico tanto da luta das mulheres quanto dos segmentos negros e nos remete também ao mês de combate ao preconceito às religiões de matriz africana, e, em especial, ao 18 de março, Dia Municipal das Religiões Afro-brasileiras. Só na Região Metropolitana de Belém há registro de mais de três mil comunidades de terreiros. 

O Decreto Legislativo nº 05/2009 - proposição da deputada Bernadete Ten Caten(PT) - instituiu na Alepa a Comenda "Mãe Doca", em reconhecimento à luta por cidadania e o direto humano de consciência religiosa, que as lideranças de povos tradicionais de matrizes africanas até hoje continuam, como herdeiros da mesma resistência que desde o final do século XIX se mantém no enfrentamento ao racismo que demoniza as tradições afro-amazônicas.
 

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