Professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), antropóloga e
cientista política diz que o desmanche das UPPs possibilitaram a
"neomiliciazão do Rio de Janeiro", que voltaram a financiar carreiras
políticas
Professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), antropóloga e cientista política, Jacqueline Muniz disse em entrevista a Renato Rovai, editor da Fórum, que muitas agremiações religiosas são montadas com o intuito de se tornarem lavanderias do dinheiro do crime angariado pelas milícias no Rio de Janeiro.
“Lavanderias do dinheiro do crime passa por agremiações religiosas. Onde é que você vai lavar o dinheiro do crime, você vai usar as agremiações religiosas porque cada uma delas tem um CNPJ. Então você pode criar uma casa de oração ali na esquina, lavar o dinheiro do crime e com isso também produzir intolerância religiosa, destruição de terreiros nas comunidades populares”, disse a especialista em segurança pública, que contou, em entrevista à Fórum a história das milícias, ou o que ela chama de comandos armados.
Segundo ela, a formação desse grupos armados para controle territorial é histórica e o desmanche das UPPs possibilitaram a “neomiliciazão do Rio de Janeiro”.
Segundo ela, a formação desse grupos armados para controle territorial é histórica e o desmanche das UPPs possibilitaram a “neomiliciazão do Rio de Janeiro”.
“As UPPs significavam prejuízo para as economias criminosas e boa parte das carreiras políticas, tanto do político local ao Senado, que financiavam a carreira com esse dinheiro”, disse ela, sobre o movimento de instalação das milícias nas comunidades periféricas do Rio, que começou nos anos 80.
Jacqueline Muniz ressalta que a formação de grupos armados para
controles territoriais é muito comum “quando não se tem controle sobre
os meios de força (forças armadas e polícias)”.
“Sempre que você tem governos débeis, incapacidade de governar e
controlar a polícia, o fenômeno da milícia emerge. Quem dá o alvará de
funcionamento para os domínios territoriais armados é o Estado, são
setores do governo. É como se o Estado terceirizasse suas funções”, diz
ela.
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