No dia 03 de dezembro recente o terreiro de Umbanda 'Morada de Marabô', que há mais de 10 anos funciona na Ilha de Mosqueiro, em Belém/PA, foi vandalizado covardemente, aumentando as estatísticas de racismo religioso que impactam as religiões de matriz africana.
Motivadas por questão de fé, essas violências sofridas por afrorreligiosos/as e suas instituições não podem ser consideradas apenas como intolerância religiosa, diluídas em motivações circunstanciais. Devem, sim, ser tratadas como racismo religioso porque se originam do sentimento de negação de direitos, inclusive o de livre exercício de crença, das populações negras e afrodescendentes, baseado nas relações desiguais e nos papeis sociais desempenhados por brancos (senhores/eucentrismo/cristianismo) e negros (escravizados/ancestralidade/religiões de matriz africana) desde o periodo colonial.
O racismo religioso reserva às comunidades/tradições de matrizes africanas um clima de tensão constante ao usar suas vestimentas e seus símbolos, ao manifestar suas crenças em público ou ao ter que se submeter a práticas da religião majoritária imposta na colonização, o cristianismo, que está entranhada no cotidiano como se fosse a única, verdadeira e inquestionável.
O bacharel em Direito Terence Lucena e o cientista político Tony Vilhena, no artigo Mobilização dos terreiros contra o racismo: estudo da criação do Grupo de Trabalho de investigação de assassinatos de lideranças afrorreligiosas no Pará, analisam a articulação de um Grupo de Trabalho (GT), criado para apuração dos casos de assassinatos de lideranças afro religiosas nos anos de 2015 e 2016.
O objetivo do trabalho foi de refletir sobre a relação de religião e espaço público a partir da compreensão da atuação política dos terreiros, investigando como a religião favorece a convergência do tratamento de diversos temas: intolerância, segurança pública, identidade, racismo, representatividade, etc.
Acesse o artigo no seguinte link: Mobilização dos terreiros contra o racismo...
LUCENA, T. C. VILHENA, T. Mobilização dos terreiros contra o racismo: estudo da criação do Grupo de Trabalho de investigação de assassinatos de lideranças afrorreligiosas no Pará. In: SOARES, M. G.; CHINGORE, T. T. Corpo, Cultura e Filosofia Africana em Perspectiva. Belém: UEPA/CCSE, 2023, p. 191-214.
O trabalho foi publicado no e-book Corpo, Cultura e Filosofia Africana em Perspectiva, disponível no link abaixo:
Quero dar as minhas congratulações aos colegas pelo belo trabalho, sob um tema importante de ser discutido e fazer voz para as religiões Afro descendente tão marginalizadas.
ResponderExcluirParabéns pela luta
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