Neste 13 de novembro, o cientista político e mestre em Ciências da Religião Tony Vilhena, que também é coordenador da Instituto Ramagem, ministrou aula sobre "Planejamento docente e
combate à intolerância religiosa" no "Curso de Capacitação em Estratégias de
Combate à Intolerância Religiosa na Escola", promovido pelo Grupo de Estudos Afro-Amazônico da Universidade Federal do Pará.
Considerando a conjuntura atual de uma "onda" conservadora na sociedade brasileira, com apoio de segmentos religiosos fundamentalistas do cristianismo e reprodução massiva de discursos de ódio, gerando um sentimento de ameça aos segmentos considerados "minoritários", a criação de espaços para discussão e estudos sobre diversidade são imprescindíveis para a resistência democrática e mobilização de agentes comprometidos/as com os direitos humanos e as liberdades civis.
A aula iniciou com a reflexão sobre a demanda do planejamento para a prática docente. Há alguns fatore que devem ser lembrados para o êxito de planejamento, ainda mais quando planeja-se abordar a temática tão complexa do enfrentamento à intolerância religiosa:
- A neutralidade é impossível;
- O planejamento é um ato político;
- As ameaças e oportunidades do cenário (ambiente externo) devem ser levantadas;
- As forças e fraquezas imediatas ao ato docente (ambiente interno) merecem registro;
- O coletivo, a comunidade de saber envolvida, precisa ser motivada e envolvida;
- Os objetivos da ação devem ser divulgados para a comunidade;
- Problemas, direitos de aprendizagem, objetivos, métodos e conteúdos devem ser alinhados;
- Os problemas (especificamente, a intolerância religiosa) não são totalmente desconhecidos pela comunidade de saber.
Numa roda de conversa foram debatidos e (re)elaborados coletivamente os seguintes conceitos:
- Ecumenismo é o processo de diálogo e cooperação voltado a promover a unidade entre os cristãos de todas as confissões. O ecumenismo, no âmbito especificamente religioso, pode se referir à superação da divisão entre os cristãos. Mas o termo também é usado como sinônimo de encontro de pluralidades políticas ou ideológicas. A palavra tem origem no grego (Oikos = casa), derivando as palavras economia, ecologia, etc.
- Sincretismo religioso é a mistura acrítica ou mesmo proposital ou premeditada de ritos, crenças e elementos doutrinais de religiões diferentes e, em muitos aspectos, incompatíveis em conteúdo teológico. Pode-se também ser uma estratégia de preservação de uma crença frente à ameaça e a imposição de outra, mantendo seus aspectos litúrgicos e de visão do mundo internalizados, mesmo que manifeste ritos e discursos do “dominador”. Tecnicamente, tem-se optado em usar as expressões justaposição ou bricolagem.
- Diálogo inter-religioso é processo de aproximação e diálogo entre religiões, crenças e filosofias diferentes. Requer respeito mútuo, criticidade das diferenças e similitudes. Atos, celebrações e encontros são expressão do processo, não um fim em si mesmo.
A escola deve ser um espaço de abordagem científica do fenômeno religioso, assim como estuda a política, a cultura e a arte. Há avanços importantes como as licenciaturas de formação de professores/as de Ensino Religioso, que são capacitados/as para atuarem na ministração de metodologias e conteúdos científicos. Mas a tarefa de garantir a visibilidade das diferentes crenças e o devido respeito é uma missão de toda a escola.
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