Hoje contemplei o anel de tucum que carrego no dedo anelar direito com profundo pesar. Pois morreu quem me ensinou que este anel significa a aliança com as lutas dos povos oprimidos. Embora tivesse o direito de usar um chamativo anel de ouro por ser bispo da Igreja Católica, responsável pela Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), dom Pedro Casaldáliga insistia em usar um anel de tucum.
No filme Anel de Tucum, o bispo afirma que o “anel de tucum é sinal da aliança com a causa indígena e com as causas populares. Quem carrega esse anel significa que assumiu essas causas e as suas consequências” (assista o filme no Youtube clicando aqui).
Esse sacerdote espanhol da Congregação Claretiana chegou ao Brasil no final da década de 1960, em plena ditadura militar, e logo viu sua atuação evangélica tocada pelos problemas do país como perseguição política, latifúndio assassino e toda forma de opressão dos ricos às camadas populares.
Como fez Jesus ao denunciar ser mais fácil um camelo passar num fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos céus (Mt. 19: 24), dom Pedro optou pelos pobres e entregou sua vida, sua missão, em projetos como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Imagino sua santa agonia ao ver "representantes" de sua Igreja indo prestar apoio ao governo do energúmeno que hoje senta na cadeira de presidente da República em troca de dinheiro de propaganda governamental nos canais católicos de TV.
Que sua vida de entrega, sua fé radical, sua ternura nos inspirem. As instituições religiosas não podem prender Deus numa redoma e chamá-lo de "seu". Desse Deus da justiça e do bem que dom Pedro falava eu quero ser amigo, companheiro. Como ele disse na poesia E o Verbo se Faz Classe:
"No ventre de Maria
Deus se fez homem.
Mas, na oficina de José
Deus também se fez classe".
Dom Pedro, presente!
Por : Prof. Tony Vilhena - Cientista Político
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